Um recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 40% dos estudantes adolescentes do país admitiram já ter sofrido com as consequências do “bullying”, prática que se caracteriza principalmente pela provocação e intimidação.
Segundo a psicóloga Soraya Tardeli Del Grossi, trata-se de um tipo de violência muito difícil de ser detectado e, quando se chega a uma conclusão de que o ato está realmente ocorrendo, o jovem já se encontra em um nível de agressão psicológica ou física bastante alto.
Entre as principais consequências observadas, a especialista destaca o embotamento, quando há perda de energia para realizar algumas funções; e a ansiedade, muitas vezes refletida em autolesão.
“Por se tratar de uma agressão bastante traumática para quem sofre, também é importante ressaltar que estes jovens possam levar até 3 anos para sequer verbalizar o assunto.”
Para Soraya, o acompanhamento profissional é imprescindível em qualquer caso que envolva vítimas de bullying, mas especialmente nestes casos, quando é preciso entender qual sofrimento está por trás dessa fala. “É preciso que se esteja preparado para um diálogo sem julgamentos, de forma que o jovem se sinta à vontade para falar sobre suas dores e expressar porque possui o desejo de desistir da vida.”
As crianças e os adolescentes possuem sua própria cultura na interação com as pessoas e, nesse cenário, Soraya aponta que o praticante de bullying também é uma espécie de vítima da situação, pois quase sempre se trata de um jovem que está se expressando através da violência. Uma busca de validação, liderança e respeito entre os indivíduos do seu grupo, que é conquistada por meio da provocação ao outro.
Dessa forma, a psicóloga alerta que o bullying nunca acontece sem espectador, ou seja, existe uma espetacularização do fato e, por isso, é preciso sempre desencorajar não apenas os indivíduos que praticam estes atos, mas também aqueles que servem como espectadores.
“Além de encorajar a vítima a verbalizar o ocorrido e fornecer o melhor suporte psicológico possível. Lembrando que as instituições de ensino também tem o papel de agir de forma bastante energética frente a qualquer situação do tipo.”