Por Willian Oliveira
Os vereadores de Boa Esperança do Sul deveriam votar na noite desta quarta-feira (05) as contas da Prefeitura referentes ao ano de 2016. Foi um dos períodos mais conturbados da história recente da cidade e que contou com três prefeitos. Na época teve cassação, renúncia e muita confusão. Deveriam, mas não votaram.
O vereador Marco Aurélio Rosim afirmou que não estava bem e que precisava deixar o plenário. “Eu não estou me sentindo bem e vou me retirar”, disse Marcão à reportagem do portal Araraquara Agora, enquanto deixava à Câmara.
Com a saída do parlamentar, outros também deixaram o plenário e de acordo com o regimento interno da casa, faltou quórum e, portanto, a sessão foi encerrada. A base governista no legislativo interpretou como uma manobra da oposição para obstruir os trabalhos do legislativo.
A Comissão de Finanças e Orçamento, constituída pelos vereadores Edson Rios (Som), Murilo Schmdit e Juraci Aparecido Covo assinaram parecer favorável a aprovação.
Em relação a data da nova votação, o presidente da Câmara, Nilsinho da Ponte Alta foi direto: “Nós vamos ver com o advogado. Se será na próxima sessão, em uma sessão extraordinária, o que ele disser nós vamos cumprir.”
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo fez uma série de apontamentos em relação à execução orçamentária daquele ano, no entanto, cabe ao legislativo bater o martelo e decidir se as contas serão ou não aprovadas.
Se forem rejeitadas, possíveis candidaturas de Manoel e Bodinho poderiam ser questionadas no Tribunal Superior Eleitoral. Edson Raminelli, por ter sido cassado em 2015, estaria inelegível pelos próximos anos. Ele chegou a disputar a reeleição em 2016, ficou na terceira colocação, mas seus votos foram impugnados na sequência.
Entenda o caso
Em 2015 os vereadores de Boa Esperança do Sul se reuniriam para uma sessão histórica. Pela primeira vez a cidade colocaria em discussão cassar o mandado de um chefe do executivo.
Após quase 15 horas de sessão, 8 dos nove vereadores decidiram tirar o mandato do então prefeito Edson Raminelli, na época filiado ao PT. Na época só o vereador Márcio Benedido dos Santos (Marcinho do PT, que hoje se denomina Marcinho do Podemos), não votou porque não compareceu a sessão.
A comissão processante apontou que Edinho havia contratado e pago por serviços que jamais foram realizados. Uma das empresas teria recebido R$ 74,2 mil para elaborar o plano municipal de educação, mas os parlamentares não encontraram provas da realização do serviço. Essa mesma empresa teria recebido R$ 78,5 mil para a realização de outros serviços que também não teriam sido prestados. Edinho sempre negou as acusações.
Ele chegou a ser destituído do cargo, voltou por meio de liminar, saiu de novo, voltou até que a Justiça, em 26 de julho de 2015, enfim decidiu que o vice deveria assumir. Manoel do Vitorinho virou prefeito. Pegou uma Prefeitura endividada, fornecedores que não recebiam há meses, corte de energia, internet e telefone em diversas repartições e até atraso no salário dos servidores.
Manoel disputava a eleição para prefeito, acabou perdendo a disputa para Fábio de Souza (Fabião) e optou por deixar o cargo 2 meses e 11 dias depois par facilitar o processo de transição já que quem assumiu, o então presidente do legislativo Bodinho, era do mesmo grupo político do eleito. A manobra também poderia ajudá-lo na prestação de contas já que no período em que esteve a frente do município o orçamento da cidade melhorou e parte dos problemas foram resolvidos.
Bodinho ficou na função até 31 de dezembro de 2015 e também em seu período de governo conseguiu sanear parte das contas públicas e abrir caminho para o próximo prefeito.
Bodinho foi o quarto prefeito em 4 anos. É preciso lembrar que no começo daquele mandado Jaime Benassi (Jaiminho), eleito prefeito foi cassado por crime eleitoral. Assumiu as funções o então presidente da Câmara Marco Aurélio Rosim, o Marcão. Ficou na função como interino até que Edson Raminelli foi eleito em uma eleição suplementar.