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10/08/2020 às 20h11min - Atualizada em 11/08/2020 às 08h25min

Prefeito de Matão volta a atacar Araraquara em relação ao coronavírus

Por Rian Fernandes

Após a confusão que envolveu Matão e Araraquara, após um questionamento feito judicialmente com relação a flexibilização da quarentena, o prefeito da Terra da Saudade, Edinardo Esquetini, voltou a atacar a Morada do Sol sobre as medidas tomadas em relação ao coronavírus nesta segunda-feira (9) em publicação feita pelas redes sociais do próprio município. Uma das principais críticas foi em relação aos pacientes araraquarenses que estão sendo internados por lá. 

Desta vez, em uma das falas, o líder do executivo questionou sobre o motivo de pacientes estarem sendo internados em Matão mesmo com leitos disponíveis em Araraquara. "Nós tínhamos três pessoas internadas da cidade de Araraquara. O que tá acontecendo em Araraquara? (...) ", disparou Edinardo. Segundo ele, sobre os araraquarenses internados em Matão, um questionamento já foi feito para a DRS (Diretoria Regional de Saúde), visto que, como supos, se ocorrer uma superlotação lá, os munícipes teriam que ir para fora.

De acordo com o prefeito, é compreensível os pacientes da região que estão sendo internados em Matão, como Santa Lúcia e Ibitinga. "Mas nós não entendemos o porquê de Araraquara, que se diz em uma situação confortável mandando pessoas para a nossa cidade", disse. 

Ainda conforme esclareceu o prefeito matonense, no último domingo (9), um idoso de Araraquara com 80 anos faleceu em Matão com Covid-19. "Morrendo gente de Araraquara no hospital nosso, aqui em Matão. Nada contra, a saúde dá para ser atendido todo mundo. Mas se a estrutura de lá é suficiente, por que mandar pra cá", questionou. Ao mostrar o documento de um dos óbitos, o prefeito de Matão ainda aproveitou o momento para voltar a atacar Araraquara. "Aqui não é igual Araraquara, que fala de boca. Aqui a gente mostra o documento e prova". 

Em Araraquara, um dos destaques levantados pela própria prefeitura é a montagem do Hospital da Solidariedade, que auxilia no enfrentamento do Coronavírus. No entanto, de acordo com o prefeito de Matão, por lá não existe a necessidade de uma estrutura semelhante. "Matão não tem necessidade de se ter um hospital de campanha, mesmo porque veio recursos para Araraquara e custou R$ 26 milhões o hospital de campanha que tem em Araraquara".

Ao lado do prefeito durante o esclarecimento, estava o secretário de Saúde local, Dr. João Guimarães, que também salientou que não existe a necessidade de montar a estrutura. "Optamos certamente por não fazer", comentou ele. 

Ainda em relação as internações, Edinardo Esquetini aproveitou para explicar que o sistema é feito via Cross (Centro de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde). "Nós tínhamos sete pessoas na UTI semana passada, e dois eram de Matão. Isso tem trazido para nós um reflexo muito ruim. (...) A diretoria do hospital não pode negar internação, é o sistema Cross. Esse sistema é regionalizado."

Diga, Araraquara

Sobre o caso, o Araraquara Agora recebeu uma nota em nome da própria secretária de Saúde, Eliana Honain, que classificou o discurso como "sectário" e "desagregador". Confira: 

Como funciona o SUS? Ele é regional e não municipal

A respeito das falas do prefeito de Matão, Edinardo Esquetini, em live realizada na tarde desta segunda-feira, dia 10, a Secretaria Municipal de Saúde de Araraquara, por meio de sua titular, Eliana Honain, esclarece que as internações são reguladas pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), serviço este gerenciado pela Secretaria Estadual de Saúde. É esse sistema quem direciona os pacientes na região e no estado.

Os leitos SUS são categorizados como regionais e podem receber pacientes das diversas cidades da regional de Araraquara (DRS), e se for necessário, atende pacientes de outras regiões. Portanto, é o governo do estado o responsável pelo direcionamento do paciente para o hospital que ele será assistido.

É importante acrescentar que a Cross fica situada em São Paulo e é regulada por médicos especialistas. Sempre que um paciente necessita de internação, o seu médico prescreve uma ficha que é colocada no sistema Cross, o qual dá a locação dessa vaga de acordo com o grau de gravidade e o recurso mais próximo da residência do paciente.

Vale ressaltar que o serviço é regulado dessa maneira tanto para casos de Covid-19 quanto para todas as outras enfermidades.

Em relação aos leitos destinados à Covid-19, o sistema regula para o Hospital de Campanha Municipal de Araraquara, após a total capacidade instalada dos hospitais estar preenchida, uma vez que o hospital de campanha é um equipamento de apoio, para não deixar faltar leitos para o atendimento. Eles não têm a mesma estrutura de um leito de UTI de um hospital regular. Portanto, toda responsabilidade da transferência de pacientes é da Cross, por meio do governo do estado e não do município. É de responsabilidade de médicos e não dos agentes políticos, tampouco do prefeito.

Cabe salientar que Araraquara recebe pacientes de toda região, não só para Covid-19, como para todas as patologias. No caso da Covid-19, por exemplo, só hoje, 19 pacientes aqui internados são de outros municípios. Muitas foram as oportunidades que pacientes de Matão necessitaram da estrutura hospitalar de Araraquara, e isso em nada gerou de estranheza, já que é assim que funciona o Sistema Único de Saúde.

É importante ressaltar que os casos de óbito são notificados pela cidade que o paciente reside, independente do local que ele esteja internado e assim foi feito com o munícipe araraquarense que veio a óbito no domingo. O óbito confirmado foi divulgado pelo Comitê de Contingência do Coronavírus em transmissão ao vivo, em seguida para toda a imprensa, como faz diariamente.

Mais uma vez, mesmo com discurso sectário e desagregador da cidade de Matão, Araraquara se coloca à disposição da população desta cidade vizinha, bem como todas as demais, entendendo que o enfrentamento ao coronavírus deve ser de todos, de toda a região.

Minimizar, atacar ou desmerecer todo o trabalho realizado por Araraquara desde março, antes mesmo do primeiro caso confirmado, não ajuda em nada. Ao contrário, apenas desagrega e traz ainda mais confusão à população que já está passando por momentos bastante complicados.

Acreditamos, ainda, que quando se trata de saúde pública tem que se fugir de toda politização. O que deve nos unir é um único objetivo: salvar vidas.

Eliana Honain, Secretária Municipal de Saúde de Araraquara

 

 

 

 


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