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08/12/2022 às 11h16min - Atualizada em 08/12/2022 às 11h35min

Corte de bolsas prejudica pesquisadores de Araraquara; 'Essa luta é de todos os pesquisadores do país'

'É preciso chamar a atenção da população e das autoridades porque a gente merece respeito', ressalta pesquisadora

Direto da Redação
Foto Ilustrativa/ Camila Boehm/ Agência Brasil

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O corte no Orçamento no fim do governo Bolsonaro, que afetada diretamente a Educação e a Saúde do país, já tem reflexos em Araraquara. Bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) ainda não receberam o pagamento este mês.

 

Segundo a fundação, que é vinculada ao Ministério da Educação (MEC), os pagamentos foram adiados por conta dos contingenciamentos orçamentários impostos pelo Ministério da Economia. “Os bolsistas já começam a sofrer severa asfixia”, disse em nota.

 

Natalia Caroline Costa Coelho, de 30 anos, concluiu seu doutorado em farmácia em outubro deste ano, no Programa de Biociências e Biotecnologia Aplicada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Campus de Araraquara da Unesp. Foram cerca de seis anos de pesquisa, entre mestrado e doutorado, com recursos da Capes.

 

Natalia ressalta que o corte das bolsas reflete diretamente no sustento desses alunos, além de repercutir nos trabalhos de pesquisas importantes para o país.

 

Vale ressaltar que a doutora em farmácia, trabalhou fortemente em pesquisas de síntese de biomoléculas, focado na síntese química de peptídeos. “Meu doutorado foi focado em uma doença que para o país é uma doença muito importante, que é a leishmaniose. Meu foco era desenvolver terapias que sejam mais específicas contra o parasita, mas que não tivesse tanta toxicidade e efeitos colaterais para o paciente”, explica.

 

A pesquisadora explica que o Brasil é um país endêmico pelos três tipos da doença, que é negligenciada e pode levar a óbito. Por conta dessa constatação, é importante o investimento em pesquisas para buscar o controle e tratamento da doença.


 

Isso exige cada vez mais que a gente desenvolva pesquisas, pois é uma doença típica do nosso território, da nossa população carente”, ressalta.

 

 

'A luta é de todos os pesquisadores do país'


 

A bolsa de mestrado ou doutorado é uma espécie de salário que os pesquisadores recebem pela execução dos estudos e pesquisas. “Toda vez que um pesquisador tem acesso à bolsa, a gente assina um contrato de trabalho do qual a gente não pode trabalhar com outras pesquisas ou em outros lugares porque a gente tem esse vínculo de exclusividade”.

 

O corte do mês de dezembro pegou muitos pesquisadores de surpresa. “Para muitos pesquisadores essa bolsa é um salário. É o que os profissionais precisam para comer, para pagar o aluguel, para sobreviver”.


 

Não há outra fonte de renda, pois o doutorado te exige uma dedicação exclusiva”, reforça.


 

Natalia explica que muitos pesquisadores não terão recursos para se manter. “Os alunos vão ficar desmotivados para desenvolver pesquisas. Atualmente a maior parte das pesquisas brasileiras é feita nas Universidades, por pesquisadores que dependem do valor desta bolsa para sobreviver”, diz.

 

Vale ressaltar que mais de 200 mil bolsistas inda não receberam o pagamento este mês, que era para ter sido concedido nesta quarta-feira (07).

 

 

Importância das Universidades

 

A pesquisadora lembra a relevância das Universidades diante da pandemia da Covid-19. “A gente viu a importância das Universidades, seja os testes realizados em Araraquara, realizados pela Unesp, a geração do álcool em gel realizado pelo Instituto de Química, além dos projetos sociais desenvolvidos por diversas universidades”.

 

Atualmente Natalia é pesquisadora da Universidade de Araraquara (UNIARA) e desenvolve pesquisas com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil.

 

Não houve cortes, mas a profissional não deixa de se preocupar. “Hoje eu recebi, mas amanhã eu posso não receber. Devemos chamar a atenção da população e das autoridades porque a gente merece respeito pelo papel que desempenhamos”, finaliza.


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