02/09/2021 às 18h29min - Atualizada em 02/09/2021 às 18h29min

Pacientes estão sem medicamento de alto custo em Araraquara

Quadros de sangramento ocorrem pela falta do tratamento. Confira

Direto da Redação

Moradoras de Araraquara que utilizam o medicamento injetável Zoladex, tiveram que abandonar o tratamento por conta da falta de distribuição do fármaco. Cada injeção com o remédio custa R$1 mil e por ser de alto custo, é disponibilizado pela Farmácia de Medicamentos Especializados, FME, de responsabilidade do Governo do Estado. O problema é que as pacientes estão há meses sem receber as injeções.

 

Uma dessas pacientes é a Maria das Graças dos Santos, de 44 anos. Ela relata que tem sofrido constantes quados de sangramento, pois parou o tratamento que havia começado há cerca de quatro meses.

 

Eu acabei pagando uma consulta particular e a médica indicou o medicamento. Eu teria que tomar seis injeções de Zoladex, de 3 mg, mas eu não tenho condições de pagar. Então ei acabei buscando ajuda na Farmácia de Alto Custo”, explica.

 

Ela chegou a aplicar uma injeção como medicamento e o sangramento cessou. “Mas já tem quatro meses que eu não tomo, só consegui uma e precisava de seis”.

 

A moradora do Jardim Semi Dei voltou a ter sangramento, acompanhado de dores. Está sangrando bastante e tenho muitas cólicas devido ao mioma. É muito sofrimento, eu não aguento mais esperar”, desabafa.

 

Maria deveria tomar uma injeção por mês. Ela ainda reclamou do atendimento que recebeu. “Não respondem claramente nossas perguntas, não sinto nem educação no atendimento da parte deles. Eu moro no Selmi Dei e fica difícil de ir até lá sempre. Por eles a gente ia lá todos os dias”.

 

Ela foi novamente, na semana passada, até a Farmácia de Alto Custo para buscar o medicamento.“Eu mostrei a receita e eles falaram apenas que estava em falta e que não tinha previsão de quando o medicamento chegaria, mas não passaram mais nenhum detalhe”.

 

Eu tenho o mioma no útero e a médica disse que o local em que ele está é difícil remoção. Não tem como fazer a cirurgia. Eu já fui atendida duas vezes na UPA porque tenho quadros de sangramento. Eu sangro muito. Houve um período que sangrou por 15 dias. Isso me deixa muito fraca. O corpo não aguenta”, explica.

 

Maria tem consulta agendada para novembro, quando deveria ter tomado todas as injeções e assim realizar novo exame para constatar a situação do mioma, mas das seis injeções, ela tomou apenas uma.

 

Eu não tenho condições de pagar, eu estou desempregada. Ainda se fosse apenas uma só de R$1 mil, a gente ainda poderia dar um jeito, mas R$6 mil é impossível”, relata.

 

A manicure Lucineide da Costa Rodrigues, de 48 anos, também enfrenta a mesma dificuldade. Não consegue as injeções com o medicamento Zoladex, de 3,6mg. “Já era para eu tomar a terceira injeção, mas tomei só a primeira há dois meses. Por conta de não tomar eu tenho fortes sangramentos, estou com um problema sério”, conta.

 

Lucineide buscou ajuda na farmácia porque a injeção é cara. “Eu fui, por não ter condições de arcar com o custo da injeção e eu preciso muito dela. Na farmácia eles repetem que o medicamento está em falta”.

 

Como eu trabalho sentada piora muito o quadro. Não tenho ainda como fazer a cirurgia”.

 

A última vez que Lucineide foi até a Farmácia de Alto Custo, foi há 15 dias. “Na realidade já fui lá várias vezes. Eu não sei o que fazer, eu preciso desse tratamento”, desabafa.

 

Quando chega?

 

Segundo o diretor da DRSIII, Jeferson Yashuda, a previsão de retomada da entrega do medicamento injetável Zoladex é de até a próxima quinta-feira (9).

 

Já recebemos na Secretaria Estadual de Saúde em São Paulo, mas por conta do feriado a entrega para as DRSs deve atrasar. Deve chegar na próxima semana, até no máximo na quinta-feira”, explicou.

 

A Secretaria Estadual da Saúde confirmou, por nota, que o medicamento Zoladex 3,6mg já foi adquirido e está sendo distribuído às unidades do estado, incluindo a Farmácia de Medicamentos Especializados (FME) de Araraquara.


Os pacientes serão comunicados para retirada tão logo haja disponibilidade do medicamento, prevista para ocorrer até o final da próxima semana.


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