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23/03/2022 às 23h32min - Atualizada em 23/03/2022 às 23h32min

Prefeito de Boa Esperança do Sul está entre os que denunciaram suspeita de propina no MEC

Prefeitos afirmam que pastor pedia propina em troca de verba aos municípios

O Globo

O prefeito de Boa Esperança do Sul, José Manoel de Souza, está entre os prefeitos que afirmou ter recebido pedido de propina do pastor e assessor informal do MEC, Arilton Moura. A notícia repercutiu nesta quarta-feira (23), após uma entrevista ao "O Globo". Conforme os relatos dele e de um outro gestor, os pedidos variaram de R$ 15 a R$ 40 mil, além de até mesmo compra de Bíblias.

O prefeito de Boa Esperança do Sul, cidade vizinha de Araraquara, contou que participou de um encontro com o ministro. A reunião teria sido no dia 13 de janeiro, com 30 gestores municipais e, após a audiência, cada prefeito recebia uma senha e esperava para apresentar as demandas para assessores. Na reunião, Manoel pretendia pedir verbas para ampliar uma escola e terminar com a terceiração de ônibus escolar. Após isso, Manoel e outros prefeitos foram até um restaurante na companhia do pastor Arilton Moura.

Outro prefeito que relatou o pedido, Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), contou que teve uma audiência com Milton Ribeiro e outros 15 gestores municipais no dia 11 de março. O ministro teria deixado o local com Arilton Moura e Gilmar Santos, que também é pastor e preside a Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil. 

Gilmar Santos e Arilton Moura atuavam como assessores informais do MEC, intermediando encontros de Milton Ribeiro com prefeitos. Em áudios vazados, o ministro disse que o governo prioriza prefeituras assessoradas pelos dois líderes evangélicos e o pedido seria de Bolsonaro.

O que disse José Manoel de Souza? 

Eu o abordei e perguntei: "Senhor Arilton, como serão as liberações? Vai ser para todos os municípios?" E ele falou: "Vamos ali fora...Eu vou ser bem sincero. Tem escolas profissionalizantes no seu município?" Eu disse que não, porque a cidade é pequena, e a gente precisa aumentar creches e ônibus escolar. E ele falou: "Se você quiser, eu passo um papel agora, ligo para uma pessoa e as escolas profissionalizantes vão chegar ao seu município, mas em contrapartida, você precisa depositar R$ 40 mil para ajudar a igreja. Uma mão lava a outra, né?" — relembra Souza, acrescentando: — Eu bati nas costas dele e falei: "Obrigado senhor Arilton, mas para mim não serve".

Kelton Pinheiro, o prefeito de Bonfinópolis (GO)
Segundo o prefeito de Bonfinópolis, os dois pastores teriam chamado os prefeitos para um almoço. Em um restaurante, Moura teria perguntado a Kelton se havia algum pedido de melhorias para a sua cidade e o mesmo respondeu que tinha a necessidade de mais uma escola. "Disse que eu teria que dar R$ 15 mil para ele naquele dia para ele poder fazer a indicação. [Ele disse]: ‘Transfere para minha conta, é hoje (…) No Brasil, as coisas funcionam assim'”, conta Kelton.

O prefeito de Bonfinópolis ainda relatou que Moura teria feito um outro pedido. "“Que eu desse uma oferta para a igreja, comprasse bíblias para ajudar na construção da igreja (…) Seria uma venda casada. Eu teria que comprar essas bíblias, porque ele estava em campanha para arrecadar dinheiro para a construção da igreja.”

O ministro da Educação

O ministro da Educação nega que houesse o esquema no pedido de verbas e diz que uma investigação sobre a atuação dos pastores foi pedida para a CGU em agosto de 2021. Em entrevista nesta quarta-feira (23), Ribeiro argumentou que não existe nenhuma possibilidade de determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer estado ou município.

 

 

 

 

 


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