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27/06/2022 às 10h42min - Atualizada em 27/06/2022 às 10h42min

Para familiares e amigos, legado de Marcus Vinícius é o da bondade

Homenagem póstuma para reverenciar uma pessoa de espírito livre, que brigava, amparava e sobretudo que acreditava que os laços são eternos

Célia Pires/ Jornal Imparcial

Ninguém esperava que no dia 27 de junho de 2021, Marcus Vinícius de Deus Camano Ramos não acordaria. Que agitado e barulhento, conversador, contestador, partiria para outro plano, em silêncio. Dormindo e em casa. Foi a hipoglicemia. Por conta da diabetes. Tinha 48 anos.
 

Segundo a esposa Sandra Catanzaro, o médico que o assistiu disse que ele deveria ser uma pessoa muito boa para morrer dormindo.
 

Deus o carregou com uma grandeza, pois ele não sofreu. Fechou os olhos e voou que nem um passarinho. Quando acordasse do outro lado até ele ia assustar. Essas são palavras do médico que vou levar pra vida, pois é isso que nos conforta um pouco. Tudo o que ele fez vai ficar guardado nos nossos corações. Ele era teimoso. Tanto que descobriu que tinha diabetes havia mais de 13 anos, mas pouco se cuidava. Pensava mais nos outros que em si”.

 

Encontro de almas

 

Sandra Catanzaro, conheceu Marcus Vinícius em 1999. Ela com 33 anos e ele, 24. Foi um encontro de almas. Ele vinha de um relacionamento complicado. Tinha acabado de se separar depois de dois anos de casado. Logo foram morar juntos. “Ele assumiu as minhas 3 filhas que ainda eram pequenas. Ele era tão apaixonado que só queria me ver feliz”, conta ela, acrescentando que moravam em São Paulo.
 

A felicidade bateu em nossa porta em 2000 quando tivemos mais um presente vindo de Deus: a nossa pequena Helena, que realizou o sonho dele ser pai. Ela veio muito pequenina e mudou nossa vida. Sempre foi muito amada e Marcus se dedicava em tudo. Estava formada a família que ele sempre sonhou”.


Sandra descreve que todos os aniversários, datas comemorativas e mesmo finais de semana passavam juntos em São Paulo, na Avenida Paulista e shoppings, por exemplo. “Foram muitos passeios que ficarão para sempre nas nossas memórias. Era muita felicidade. Eu e Helena tínhamos uma vida de Rainha e Princesa. Marcus, um homem que era família o tempo todo. Um pai maravilhoso, marido fiel”.


Em meados de 2011 com o falecimento da irmã de Sandra, Claudete, vieram para Araraquara, o que mudou toda a vida deles. O Marcus que era formado em contabilidade e prestava serviços para empresas de São Paulo teve que mudar completamente sua profissão. Enveredou para a publicidade. Autodidata, tinha uma grande vontade de vencer e ser reconhecido por seu talento. Essa determinação fez com que a gente começasse a mudar a nossa história. O arranque teve início no Imparcial, importantíssimo jornal na cidade. Ali implantamos o Gia Comercial Araraquara, lista telefônica on line que vai completar 8 anos, além do Roteiro Gastronômico Araraquara e Região e Araraquara em Foco. Sempre trabalhamos juntos, eu como vendedora e ele cuidando da publicidade. Depois atuamos em outros veículos de comunicação da cidade. Hoje todas essas conquistas viraram um legado do Marcus para mim e para a Helena, que continuamos seu trabalho. Além de ser uma forma de sobrevivermos, não deixa de ser uma maneira de manter viva a sua memória”.

 


Amor de pai

 

O primeiro buquê de rosas. A primeira valsa. O primeiro jantar tinha que ser dado para a filha Helena. E ele fez tudo isso por ela A filha Helena ressalta que para quem conheceu Marcus Vinicius, ele era muito além do que um simples nome.

 

Para quem não o conheceu fica apenas a opinião de terceiros, sou totalmente suspeita de falar algo dele aqui no papel de filha. Não consigo descrever, acima de tudo, o ser humano que ele foi. Ele foi coração, ele estendia o braço e não a mão, ele não emprestava dava, ele dava trabalho também, ele era autêntico, ele nunca escondia seus prós e contras, ele abraçava primeiro pra depois saber quem era e, infelizmente, errou muitas vezes, mas era difícil ele errar em alguma coisa, opinião ou sobre alguém. Contador que fazia contas e não só contava história”.


Helena diz que pra quem conheceu Marcus, sabe o quanto era inteligente e o quanto se esforçava para alcançar seus objetivos. “Ele como sempre colocava terceiros acima de si próprio e era o pai de todos com suas parcerias e fidelidades. Como filha eu apenas sinto saudade, saudade de aprender, saudade de rir, saudade das brigas e do temperamento forte, saudade dele”.


Uns 4 ou 5 meses antes de falecer, Marcus Vinicius conheceu o filho Kayo Ballam, de 27 anos, nascido em Santos e morador na Praia Grande. Foi um sonho realizado já que o filho, embora reconhecido há muitos anos, não foi criado por ele.


Kayo veio até o pai em Araraquara e trouxe a esposa e a filhinha para que ele conhecesse. “Pessoa muito autêntica, firme, transparente e verdadeira com as palavras. Era um homem que se portava muito bem, embora com gênio e posicionamentos fortes, mas com um coração muito bondoso e grande, pois ajudava muito as pessoas. Isso que quero partilhar”, diz Kayo.

 

 

Perda inesperada

 

Marcelo conta que a amizade de ambos teve início nos corredores da Câmara Municipal, com as apresentações feitas por sua esposa, Maria Aparecida, e que foi se consolidando com o passar dos anos, bem como a demonstração maior do carinho que sempre tiveram com eles, veio através do convite para que testemunhassem, como padrinhos, a consagração da união já existente há tempos entre ele e Sandra, transformando-os em seus afilhados.

 

Presto aqui minhas homenagens a você Marcus. São muitas as lembranças boas da nossa convivência terrena. Espero que de alguma forma consiga sentir o carinho que te envio nesse momento especial. Até um dia Amigo querido!”.

 

 

Gente boa demais

 

Adriano, tatuador, presidente da Escola de Samba Mancha Verde de Araraquara, relembra que conheceu Marcus em meados de 2008 e quando ele veio definitivamente para Araraquara foi um dos primeiros amigos dele na cidade. Achou interessante aquele jeito paulistano, boêmio, que gostava de ajudar as pessoas.

 

A gente se identificou bastante, até porque criamos uma raiz muito forte. Foram anos de amizade com ele fazendo parte da minha vida e eu da dele e da esposa Sandra, principalmente quando ele começou a frequentar a Escola de Samba e a ser diretor de uma parte da escola, ajudando bastante no que podia. Fui padrinho de casamento dele. Gostava muito dele, que sempre foi um amigo dedicado, preocupado com o outro. Tanto que sempre que a gente alertava sobre um problema na escola ou na vida pessoal ele sempre estava para ajudar, dando ouvidos e seu ombro amigo”.

 

O tatuador ressalta que não quer parecer demagogo, pois muita gente fala que a pessoa só é reconhecida depois da morte, mas que em relação ao Marcão quem o conhecia de verdade sabe do que está falando.

 

Ele era um cara pra frente, alegre. Tinha os problemas dele como todo mundo tem, mas sempre extrovertido, sempre em busca de ajuda, sempre em busca do progresso, fazendo as correrias pra ele, pra família dele e para os amigos. Deixou muita saudade e muitas lembranças boas e que deixou seu legado para família e principalmente para a filha Helena que sempre procura seguir os passos e as indicações do Marcão que teve uma trajetória de vida bem vivida e bem conhecida. Como se fala no dito popular, ‘um bom malandro’. Gente boa demais. Que Deus o tenha. Saudade eternas meu irmão onde você estiver”.


Valdir Gregório, que também foi um dos padrinhos de casamento de Marcus e Sandra, conta que conheceu o Marcus em São Paulo. Para ele sempre uma pessoa responsável e preocupada com o próximo.

 

Estava sempre querendo ajudar. Sempre à disposição. Todas às vezes que precisamos dele para alguma coisa estava presente. E acredito que uma coisa que todo mundo sabe é que ele tinha um coração do tamanho do mundo e adorava crianças. Sempre fizemos muitos trabalhos sociais envolvendo crianças e essa é uma das lembranças mais fortes que tenho dele”, conta emocionado.

 

 

Fez muito por mim

 

O jornalista William Oliveira conta que via em Marcus uma daquelas pessoas que abrem mão de si para cuidar dos outros. “Foi assim com a família e era assim com amigos”.


Ele confidencia que nunca entendeu como viraram amigos.

 

“Nós nos encontramos uma vez, armamos de sentar um dia pra tomar um café e conversar e puxando aqui na memória, nunca tomamos esse café. Do primeiro contato, até o último dia de sua curta passagem aqui, nos falávamos sempre, pra tudo. Ele sempre me apresentando pessoas, gente que poderia ajudar no meu crescimento profissional. Sinto que fez muito mais por mim, do que fiz por ele. Sinto que tenha nos deixado, mas sou muito grato de ter convivido com ele e mais do que isso, aprendido também”.


Já o jornalista Pedro Junqueira conheceu Marcus Vinicius durante a época que trabalhavam juntos em um jornal da cidade. “Me aproximei mais dele e da Sandra depois de fazer uma matéria sobre adoção. A história deles e da Helena é muito bonita, deu para sentir o amor que ele tinha pela filha. Além de um colega de trabalho, ele era um grande amigo e faz muita falta. Marcus foi um exemplo de profissional, pai e ser humano”.


Para a esposa Sandra Catanzaro, seu coração que ficou despedaçado, destroçado e devastado com a partida do esposo Marcus Vinícius ainda não está totalmente cicatrizado e ainda tem grandes recaídas de saudade.


Aquele jeitão simples, a vontade de expandir as amizades até nos negócios, de ajudar o próximo, o modo brincalhão e brigão, tudo isso o caracterizavam e foi sua marca nesta vida. Ele tinha Deus no nome e isso não é pouca coisa. Acreditava no amor além da vida e que os laços construídos nessa jornada sempre serão eternos.


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