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15/07/2020 às 20h13min - Atualizada em 15/07/2020 às 20h36min

Em meio a disputa com Matão, Araraquara vai permitir bares e restaurantes até 11 da noite

Por Willian Oliveira

Em meio a uma disputa com Matão, que conseguiu na Justiça, que Araraquara volte a endurecer suas regras de flexibilização, o prefeito Edinho Silva (PT), não parece preocupado e manifestou hoje o desejo de possam ficar abertos até 23 horas, desde que cumpram a determinação de funcionar por apenas 4 horas diárias.

“Participei agora de uma reunião com representantes de restaurantes e bares da cidade para informá-los de que, após muito diálogo com o Ministério Público, eles poderão atender até as 23 horas, desde que cumpram a restrição de 4 horas diárias de funcionamento e sigam rigorosamente todas as medidas de prevenção do contágio da Covid-19 previstas em decreto municipal, incluindo o distanciamento das mesas, fornecimento de álcool em gel e uso de máscaras por todos que estiverem circulando no interior do estabelecimento”, disse ele em uma rede social.

A autorização do horário de funcionamento até as 23 horas de bares e restaurantes é um acordo feito junto ao Ministério Público, que segundo o prefeito só foi possível graças aos resultados das ações de enfrentamento da Covid-19 que foram adotadas desde o início da pandemia. “Entre outros índices, essas ações nos colocam hoje como a cidade do estado de São Paulo com a menor taxa de óbitos decorrentes da doença. Além disso, Araraquara se destaca pela ampla testagem e diagnóstico, muito acima da média nacional e até de outros países, como a Alemanha”, destacou Edinho Silva.

Participaram do encontro vários secretários e o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SinHoRes), Fernando Pacchiarotti.

Para Pacchiarotti, é uma grande vitória. “Estamos torcendo muito para que essa decisão judicial não atrapalhe tudo que construímos até agora. A cidade precisa e os empresários não suportam mais”, enfatizou ele.

Entenda a disputa com Matão:

A Prefeitura de Matão questionou juridicamente o fato de Araraquara ter relaxado, por conta própria, suas regras de flexibilização da quarentena. O judiciário, por meio de decisão liminar, no último dia 29 de junho, acatou os questionamentos da cidade vizinha e o município de Araraquara será obrigado a rever seu decreto e determinar o fechamento de academias, barbearias e salões de beleza, além de impedir que bares, restaurantes, lanchonetes e assemelhados possam fazer atendimentos presenciais, por exemplo.

A Prefeitura de Araraquara lamentou a decisão da cidade vizinha. “Acreditamos ter sido essa iniciativa da Prefeitura de Matão um ato impulsivo e pouco reflexivo, isolado, diante do sentimento da maioria da população. Temos ainda a certeza que essa ação desagregadora e pouco fraterna não reflete o pensamento do povo irmão da Terra da Saudade”, diz trecho da nota. (Veja nota na íntegra abaixo).

A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo é assinada pelo magistrado e relator Élcio Trujillo e foi publicada no dia 1° de julho.

Segundo a Prefeitura de Matão, Araraquara é a sede do Departamento Regional de Saúde (DRS), faz parte da mesma região do Plano São Paulo de retomada da economia, e é polo natural de atração de moradores de cidades vizinhas.

Essas medidas, adotadas pelo prefeito Edinho Silva, segundo entendimento da Secretaria de Negócios Jurídicos de Matão, distoam da determinação do Estado e podem estar diretamente ligadas ao crescimento do número de casos de coronavírus na região.

Matão tem atualmente 268 casos de coronavírus e na terça-feira (14) confirmou mais 2 mortes. Agora são 8 na cidade desde o início da pandemia.

"Estamos sendo questionados diante dos nossos comerciantes, prestadores de serviço de Matão do porque um cabeleireiro não pode cuidar da higiene pessoal, não pode cuidar das pessoas e Araraquara pode. Esse é um questionamento constante que eu tenho na rua, então nós resolvemos entender essa situação, pois se o plano São Paulo para Matão e Araraquara é fase laranja, porque um tem que manter fechado e o outro aberto?", questiona o prefeito Edinardo Esquetini (PSB).

Araraquara confirmou nesta quarta-feira (15) mais 38 casos de coronavírus e soma 1.314 desde o início da pandemia. A Secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain, tem dito em entrevistas que apesar da transmissão continuar na casa das 30 por dia, a estrutura de saúde do município tem suportado a demanda. Hoje a Santa Casa comunicou que seus leitos de UTI para o tratamento de pacientes com coronavírus atingiram 90% de ocupação, mas a cidade tem ainda o Hospital de Campanha, como retaguarda.

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Letalidade baixa

Araraquara tem a menor taxa de letalidade do coronavírus em São Paulo, conforme a divulgação feita pelo secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, que destacou os 10 menores índices do estado. O comunicado foi feito durante a coletiva do governo estadual na tarde de terça-feira (14), no Palácio dos Bandeirantes.

Araraquara tem um índice de letalidade de 1,17%. O cálculo é feito pela quantidade de morte divida pelo número de casos e multiplicado por 100. Com isso, Marco Vinholi destacou que as baixas taxas são consequências da qualidade no tratamento da Saúde e a política de testagem, que foram fundamentais na desaceleração da evolução da Covid-19.

Pior já passou

Nas redes sociais da Prefeitura, a Secretaria de Saúde Eliana Honain, tem reforçado que a doença é traiçoeira e que é preciso tomar cuidado, mas segundo ela a cidade já deve ter atingido seu pico epidêmico. Ela argumenta que nas semana mais críticas o município chegou a ter, em média, 32% das amostras enviadas para análise confirmadas. Houve dias de 48% e agora estão na casa de 20% e caindo.

“A gente espera que tenha atingido o topo e que esteja em uma curva descendente. É o que a gente espera é estamos trabalhando para isso”, disse Honain.

Diz aí, Prefs

A Prefeitura de Araraquara informa que suas medidas graduais de flexibilização da economia, amplamente dialogadas com o Comitê de Contingência do Coronavírus, com setores econômicos (patronais e trabalhadores) e com Ministério Público, são correspondentes e vão ao encontro de suas ações responsáveis na área da saúde, bem como a toda estrutura organizada na cidade, as quais hoje oferecem segurança e retaguarda no enfrentamento ao coronavírus, inclusive não só à população de Araraquara, mas também de toda a região. O Polo de Atendimento (Central de Triagem na Vila Xavier) e o Hospital da Solidariedade (Hospital de Campanha), por exemplo, têm sido colocados à disposição de toda a região e várias cidades têm encaminhado pacientes para o atendimento nessas unidades.

Não à toa, Araraquara é citada como referência no combate à Covid-19 por diversas mídias nacionais e, inclusive, pelo próprio Governo do Estado que, no dia de ontem, 14 de julho, em sua coletiva à imprensa, enalteceu a cidade como a 1ª do estado de São Paulo com menor taxa de letalidade pelo vírus – a cidade tem uma taxa de 1,17% em cada 100 mil habitantes, seguida de Taubaté 1,8% e Bauru 2,6%, enquanto o estado de São Paulo tem 4,8%.

Hoje, a cidade vivencia essa situação diferenciada graças ao trabalho realizado desde a primeira quinzena de março, quando ainda não se tinha nenhum caso positivado, tais como: a criação precoce do Comitê de Contingência da doença; a criação do Disque-Saúde, o nosso 0800, para que a população tivesse acesso à triagem por tele-atendimento, com médicos da rede básica e estudantes e professores do Curso de Medicina da Uniara.

Também em março, antes mesmo do primeiro caso ser registrado, já contávamos com equipe de bloqueio e isolamento de casos suspeitos. Hoje, o bloqueio e o monitoramento são realizados em todos os suspeitos e positivados, bem como familiares e comunicantes.

Expandimos os horários de atendimento até às 20 horas em seis das nossas unidades de saúde, em regiões estratégicas, a fim de contribuir para o não colapso do atendimento nas UPAS, bem como proteger a população e oferecer horários alternativos de consulta.

Estruturamos, como dito acima, a nossa UPA, junto com a Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, criando ali um verdadeiro complexo de acolhimento, atendimento e centro de triagem de pacientes sintomáticos do coronavírus. O complexo conta com 9 leitos de UTIs e 19 de enfermaria.

Numa parceria com a Unesp Araraquara, conseguimos dar vazão a um dos principais problemas que nos deparamos no início da pandemia: a demora do resultado da testagem. Conseguimos ampliar e dar agilidade nos exames e isso favoreceu as medidas de prevenção que a cidade poderia tomar. E não parou aí. A parceria com a Uniara para o chamado inquérito sorológico (saber por onde o vírus já circulou) também garantiu a cidade o posto de uma das que mais testam no Brasil. Nossa política de testagem está acima da média estadual, nacional e inclusive de países referência no enfrentamento ao coronavírus como a Coreia do Sul. Matéria do Estadão publicada em 26 de junho deste ano trata sobre isso. Araraquara tem hoje a marca de 5.053 testes para cada 100.000 habitantes.

A criação do Hospital da Solidariedade, construído em cinco semanas, que é o único hospital de campanha de toda a região, um dos poucos do interior de São Paulo, nos deu uma expansão de leitos, o que nos dá segurança e garantias para a nossa população que venha a ser contaminada. Somente lá temos 20 leitos de UTI e 31 de enfermaria. O Hospital possibilitou que a cidade adotasse recentemente o protocolo da internação preventiva para pacientes positivados com mais de 45 anos ou com qualquer idade, porém com comorbidades. Vale ressaltar que das 48 internações desta quarta-feira, 18 eram de pacientes vindos de fora, de outras cidades.

Para além da saúde, criamos uma rede de assistência à população em alta situação de vulnerabilidade, por meio de um 0800. Com a Rede (que recebe inúmeras doações) e com a secretaria da Educação, conseguimos assistir com alimento de qualidade mais de 17 mil famílias. Além disso, garantimos atendimento psicológico por telefone a toda a população. No caso dos servidores que estão na linha de frente, além da testagem, propiciamos canais de atendimento psicológicos direcionados, bem como a possibilidade de hospedagem em hotel, a fim de proteger seus familiares.

Todas essas iniciativas, dentre outras não citadas aqui, dão condições para que Araraquara possa, com responsabilidade e segurança, cumprir o decreto do Governo do Estado e propiciar a flexibilização e a retomada gradual das atividades econômicas. Portanto, Araraquara tem estrutura e tem condições de cuidar da vida da nossa população porque fez a lição de casa.

Vale dizer ainda que todas as medidas foram feitas da forma mais democrática e transparente possível. Toda vez que existe alguma mudança de orientação por parte do Governo do Estado, nós não fazemos absolutamente nada de cima para baixo, não fazemos nada sem estarmos dialogando com a população, com as entidades representativas do empresariado, as entidades representativas dos trabalhadores e, também, com o Ministério Público, que é quem tem a responsabilidade de fazer a defesa dos direitos difusos da sociedade.

Assim, a Prefeitura de Araraquara age com diálogo, com muita democracia, respeitando as entidades representativas da nossa cidade e, principalmente, age com seriedade, garantindo a segurança da saúde da população neste que é um dos momentos mais difíceis já vividos pela região, pelo estado, pelo Brasil e pelo mundo.

Por fim, vale ressaltar que acreditamos ter sido essa iniciativa da Prefeitura de Matão um ato impulsivo e pouco reflexivo, isolado, diante do sentimento da maioria da população. Temos ainda a certeza que essa ação desagregadora e pouco fraterna não reflete o pensamento do povo irmão da Terra da Saudade. Da nossa parte, reafirmamos a nossa disposição de continuarmos agregando forças para derrotarmos o coronavírus na nossa região. Acreditamos que quando se trata de saúde pública tem que se fugir de toda politização. O que deve nos unir é um único objetivo: salvar vidas. Desta forma, queremos afirmar que as estruturas montadas pela Prefeitura de Araraquara continua a disposição do poder público de Matão, caso a população matonense assim necessitar.


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