04/10/2024 às 08h49min - Atualizada em 04/10/2024 às 08h49min

Baixa adesão a vacinas preocupa autoridades de saúde; ‘ressurge doenças que estavam controladas’

Pneumologista Flávio Arbex alerta para os perigos da queda na cobertura vacinal e destaca a importância das novas vacinas contra herpes zóster, VSR e HPV no combate a doenças graves

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A baixa adesão às vacinas no Brasil tem acendido um alerta nas autoridades de saúde pública. Doenças como gripe, COVID-19, coqueluche e dengue, que possuem vacinas amplamente disponíveis, continuam a ter baixa cobertura vacinal, o que pode resultar no aumento de casos e até surtos em algumas regiões.



De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da gripe atingiu apenas 60% da população-alvo, bem abaixo da meta de 90%. Situação semelhante ocorre com a vacina contra a COVID-19, cuja adesão aos reforços é ainda mais preocupante. Muitos brasileiros tomaram as primeiras doses, mas cerca de 50% dos elegíveis deixaram de comparecer para os reforços.

 

A coqueluche, uma doença altamente contagiosa que pode ser prevenida com a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche), também apresenta queda. O esquema vacinal infantil de DTP, que deveria alcançar mais de 95% das crianças, atingiu apenas 78% no último ano. Já no caso da dengue, que tem registrado aumento de casos em várias regiões do país, a adesão à vacina Dengvaxia é limitada, especialmente porque é recomendada apenas para pessoas previamente infectadas.


 


 


IMPACTOS E RISCOS


O médico pneumologista Dr. Flávio Arbex destaca que essa baixa adesão compromete os avanços alcançados na saúde pública nas últimas décadas. "Quando a cobertura vacinal cai, abrimos espaço para o ressurgimento de doenças que estavam sob controle. É essencial que a população entenda a importância da vacinação em todas as faixas etárias", afirma.
 

Arbex ressalta que, além da proteção individual, a vacinação é uma medida coletiva que impede surtos generalizados, principalmente em tempos de pandemia e com as variações climáticas que facilitam a disseminação de vírus respiratórios, como o da gripe e da COVID-19.

 

 

"Ainda mais preocupante é a baixa adesão à vacinação de reforço contra a COVID-19, que é fundamental para a proteção, especialmente dos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com comorbidades", acrescenta.
 


 

NOVAS VACINAS: PROTEÇÃO AMPLIADA CONTRA VÍRUS EMERGENTES


Enquanto a adesão às vacinas tradicionais enfrenta desafios, novas opções vacinais estão surgindo no mercado e trazem esperança para a prevenção de doenças graves. Recentemente, vacinas para o herpes zóster, o HPV (papilomavírus humano) e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) têm ganhado destaque.


A vacina contra o herpes zóster, conhecida como "cobreiro", já está disponível no Brasil, mas é ofertada apenas na rede privada. Ela é indicada principalmente para pessoas acima dos 50 anos e imunossuprimidos, prevenindo uma doença que causa dor intensa e complicações como neuralgia pós-herpética.


O HPV, responsável por lesões precursoras de câncer de colo de útero, pênis, boca e garganta, está disponível na rede pública e privada. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Na rede privada, é oferecida também para adultos, ampliando a faixa etária de proteção.


Já o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que causa graves infecções respiratórias em bebês, idosos e imunocomprometidos, recebeu uma nova vacina recentemente aprovada e já disponível na rede privada. Essa vacina, que protege contra bronquiolite e pneumonia causadas pelo VSR, é especialmente indicada para lactentes e pessoas com risco elevado de complicações respiratórias.

 


DIFERENÇAS ENTRE AS REDES PÚBLICA E PRIVADA


A maioria das vacinas disponíveis na rede pública faz parte do calendário nacional de imunização e inclui aquelas contra COVID-19, gripe, coqueluche, HPV, além de vacinas para crianças, adolescentes e idosos. No entanto, vacinas mais recentes ou de perfil mais específico, como a do herpes zóster e VSR, ainda são ofertadas apenas em clínicas privadas, o que limita o acesso da população de baixa renda.


Para o Dr. Flávio Arbex, o desafio agora é ampliar o acesso a essas novas vacinas e garantir que campanhas de conscientização alcancem mais pessoas.

 

 

"Precisamos de uma abordagem mais ampla para vacinas emergentes, como a do VSR e herpes zóster, além de reforçar a importância das vacinas já existentes. A baixa adesão a vacinas como gripe e coqueluche coloca em risco tanto a população em geral quanto o sistema de saúde, que pode ser sobrecarregado por doenças preveníveis", conclui.
 

 


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