Por Rian Fernandes
* A matéria foi ampliada na segunda-feira 20.04.2020 com o posicionamento da UNIP, que até então não havia se manifestado.
Por conta da propagação do novo coronavírus, universidades de Araraquara adotaram o ensino a distância para dar continuidade às aulas. No entanto, estudantes que contrataram o serviço presencial, reclamam do critério adotado, visto que as mensalidades continuam as mesmas com atividades diferentes das combinadas.
“Eu estava pagando o valor de um curso presencial, mesmo não tendo aula presencial”, declarou a aluna de ciências contábeis da UNIP, Rafaely Maria Padoan, que trancou o curso por conta das medidas tomadas. Ela explicou ainda que enquanto tinha as aulas, a internet estava sujeita a cair e a chamada ficava travando. “O entretenimento e o envolvimento com o professor não dá muito certo”, salientou.
Já Beatriz de Nardo, estudante de psicologia da UNIP que também teve que fechar o curso, esclareceu que os professores passaram as informações aos alunos sobre como seriam feitas as aulas, no caso, pelo ensino a distância. “Eu tranquei por esse motivo. Eu não acho justo. A gente estava tendo algumas atividades que precisariam da informação do professor, porque, querendo ou não, psicologia é uma matéria difícil. (...) O áudio não é muito bom, a imagem não é boa”, ilustrou.
“A gente tentou de tudo para eles baixarem a mensalidade. Fizemos uma lista online para os alunos, não só de Araraquara, como de outros lugares. Passamos essa lista para alcançar bastantes assinaturas, só que a UNIP falou que não iria baixar a mensalidade porque eles tinham que pagar os professores e funcionários”, declarou Beatriz.
Já a universitária de farmácia da Uniara, Pamella Valério Nunes Braga, inteirou que foram feitos vídeos e documentos para ilustrar o funcionamento da plataforma online e como seriam produzidas as aulas. Segundo ela, que não acha justo pagar o valor normal, foi feito um abaixo-assinado, porém o reitor teria dito que não poderia haver a redução na mensalidade, pois os custos permaneceram na totalidade com professores e colaboradores.
No entanto, para Pamella, não existiu uma diminuição no nível do aprendizado. “Não houve queda na qualidade. Meus professores estão sendo ótimos! Nunca pratiquei tanto a matéria, porque para contabilizar presente tem que haver uma atividade referente a aula da semana. Então estou sempre fazendo atividades”, comentou.
Em vídeo nas redes sociais, o advogado e jornalista Daniel Mastroianni ressaltou que de maneira alguma os estudantes devem parar de pagar a mensalidade. De acordo com ele, o correto seria procurar a instituição para fazer uma negociação e evitar idas para a justiça.
No caso da substituição do ensino presencial pelo EAD, caso o aluno aceite, o contrato segue normalmente, porém se o curso deixar de ter algum conteúdo por conta de estar sendo transmitido a distância, deve haver uma redução na mensalidade. “O aluno não pode pagar o mesmo que ele pagava pelo curso quando ele recebia aquele conteúdo completo. Por exemplo, num curso de saúde, em que o aluno, de repente, fazia aulas no laboratório, agora ele não faz mais. (...) se não o curso vai ter um enriquecimento ilícito”, realçou.
No entanto, se o estudante não concordar com a situação, pode ser feita a exigência de uma outra alternativa para que as aulas sejam desenvolvidas de forma presencial, até mesmo, depois, com uma remarcação. “Se a faculdade não dar essa opção, abre-se a prerrogativa do aluno requerer, judicialmente até, a rescisão deste do contrato, sem que ele pague multa alguma por isso e não sofra nenhuma penalidade”, completou.
Além disso, na ocorrência de atrasos nas mensalidades por conta das dificuldades, como redução de salário ou perca de emprego, a faculdade não pode cobrar multa ou outro tipo de penalidade. “Ele não atrasou por culpa dele. Foi um evento imprevisto, uma força maior”, afirmou.
A UNE (União Nacional dos Estudantes) entrou com uma representação do Ministério Público no dia 31 de março pedindo desconto na mensalidade das universidades privadas durante o período de quarentena.”A UNE argumenta que os cursos em EAD são taxados de forma mais barata em relação aos presenciais e que, uma parcela dos estudantes não tem acesso a computadores, internet e/ou plataformas de ensino fora do ambiente das faculdades e universidades.”
Além disso, a UNE criou um abaixo-assinado com pouco mais de 46 mil assinaturas que pode ser acessado pelo site http://suspendemensalidade.com.br/.
Vale lembrar que o Ministério da Educação prorrogou por mais um mês a autorização para suspensão das aulas no ensino superior no país. As universidades estão permitidas a trocar cursos presenciais por atividades online. O prazo venceria nesta sexta-feira (17) e agora vai até o dia 17 de maio.
Em nota, a Uniara evidenciou que a qualidade das dinâmicas online continuam a mesma, assim como os horários e a duração das aulas. Ainda conforme a declaração, a faculdade utiliza uma plataforma do Google, “moderna e tecnológica”, possível por meio de uma parceira que foi feita antes da pandemia surgir.
A UNIP afirmou que cumpre integralmente as determinações do Ministério da Educação e que contratou o serviço de uma plataforma digital para que professores, de suas residências , ministram aulas ao vivo ao conjunto dos alunos de sua classe, no mesmo horário que as aulas eram oferecidas no campus onde estudam. Com isso, segundo a instituição, manteve o curso presencial em perfeito andamentopor meio de aulas ao vivo.
“As instituições foram obrigadas a suspenderem as aulas devido a pandemia de coronavirus. A Uniara suspendeu as aulas presenciais, mas a qualidade continua a mesma, pois os alunos têm aulas online, ao vivo, no mesmo horário e com a mesma duração do que seria as presenciais. Essa foi a forma que encontramos para que fosse preservada a saúde de todos e que nossos alunos não fossem prejudicados em relação ao ano letivo, visto que muitas universidades não ofereceram essa opção aos seus alunos. A Uniara utiliza a plataforma Google for Education, uma parceria que foi firmada bem antes da pandemia surgir. É uma plataforma moderna e tecnológica, que permite interação entre alunos e docentes como se estivessem em sala de aula, mas de forma virtual.”