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21/11/2021 às 19h04min - Atualizada em 21/11/2021 às 19h04min

​Parte Zé Neto, fica o legado; o adeus ao eterno professor

Ex-vice-prefeito morreu nessa madrugada vítima de complicações cardíacas; despedida comoveu a cidade

Por Willian Oliveira
Como jornalista é nossa missão informar. Nem sempre trazemos boas novas, muitas vezes o fato nos toca, outras vai além: a notícia é parte da gente. Hoje foi assim.

No final da madrugada recebo a notícia sobre a morte do Seu Zé Neto, como era conhecido José Neto Braga, de 74 anos. Além de professor de várias gerações, ex-vice-prefeito, pai, marido, avô, era também o padrinho deste jornalista que agora escreve.

A morte, sem dúvidas, é uma abrupta e até hoje incompreensível interrupção da convivência física. Carregar a dor da saudade é difícil, as vezes parece impossível. O que nos consola é que com o passar do tempo, e esse tempo ainda não chegou, vamos percebendo que quem partiu segue vivendo para sempre em cada um de nós.

Para que Zé Neto seja eterno, precisamos que nós, os que ficamos, estejamos empenhados em, dia a dia, levar seu legado adiante. Seus filhos e netos seguramente o farão com primazia.

Mas é papel de todos nós seguir o exemplo de pai, marido, homem carinhoso, afetuoso, apaixonado pelo trabalho e pela missão que é educar. Fazendo isso, um pouco dele viverá conosco e mais importante, será levado adiante, pelas gerações que virão.

Em sua despedida estiveram presentes inúmeras gerações de alunos. Gente salva e transformada pela educação. Vimos hoje dezenas de olhos marejados de quem um dia se sentou em um banco de escola e aprendeu muito mais do que ciência, português, matemática, física ou química, pessoas que aprenderam a ser melhores para a vida. Gente que seguiu tantas e tantas profissões e muitos que até seguiram a do “Seu Zé Neto” e viraram também professores.

A gratidão desses é, sem dúvida, o que mais importava para ele. Zé Neto era um sacerdote do saber. Era apaixonado pela educação e pelo poder transformador dela na vida das pessoas.

Toda vez que via um ex-aluno e descobria seu paradeiro ou profissão abria um largo sorriso no rosto. A vitória de um aluno era também a sua.

Eu o convidei para ser meu padrinho de crisma porque via nele um exemplo, alguém que queria próximo de mim. Eu era um péssimo aluno, não nas matérias, mas sim de comportamento. Zé Neto nunca desistiu de mim. Era “pito” toda hora, mas nunca com grito, nunca com desrespeito, sempre com um “vem aqui, sabe que isso vai fazer muita falta na sua vida lá fora?. Para trabalhar, ser alguém, ter uma profissão, é preciso aprender, ainda que você não goste”, dizia ele com uma paciência, que juro, eu não teria comigo mesmo. Zé Neto era assim com todos, sem distinção.

A camisa xadrez, o lenço no bolso, hora no rosto para tirar o suor e aquela mão que puxava o topete que insistia em sair da posição que ele gostava. Zé Neto era um professor simples, carinhoso e extremamente consciente do quanto seu papel era importante para aquelas pestinhas bagunceiras no fundo da sala.

Quantas vidas foram salvas pelo giz gasto naquelas lousas? Nunca saberemos. Eu, sem dúvidas, sou uma delas. Hoje vimos tantas e tantas outras ali, demonstrando gratidão. Na internet uma avalanche de comentários saudosos. Era querido, amado, viveu feliz, cumpriu sua missão, deixou seu legado.
Até mesmo em sua despedida, fez questão de nos ensinar mais uma lição: plante o bem que jamais estará sozinho e nunca será esquecido. Descanse em paz “Seu Zé Neto”. Descanse em paz, padrinho!!!
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