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13/07/2021 às 13h00min - Atualizada em 13/07/2021 às 13h00min

Dia Mundial Do Rock: músicos araraquarenses comentam a importância da data e falam sobre suas trajetórias

Ali Zaher, Bruno Faglioni, Cleber Shimu e Fábio Ventrilho levam o rock araraquarense por onde passam

Guilherme Moro
Amado por muitos, odiado por outros. O Rock And Roll nasceu nos anos 50, mais precisamente nos Estados Unidos. De lá pra cá, o gênero acumulou fãs e simpatizantes, que levam o estilo musical quase como uma religião. 
 
No Brasil, o rock teve Cauby Peixoto como seu primeiro representante e encontrou na Jovem Guarda seus primeiros simpatizantes tupiniquins. 
 
O Dia Mundial do Rock, na verdade é apenas comemorado no Brasil. O dia 13 de julho foi a data escolhida, pois neste dia era realizado no distante 1985, o festival Live Aid, que tinha como objetivo, arrecadar fundos a fim de acabar com a fome na Etiópia. O festival aconteceu simultaneamente em Londres e na Filadélfia e contou com apresentações históricas de bandas como Queen, Dire Straits, U2 e The Who. 
 
Há alguns milhares de quilômetros de distância de onde foi realizado o festival, está a nossa querida Araraquara, um grande celeiro de músicos, artistas, e claro, roqueiros.
 
Um deles é Fábio Ventrilho, guitarrista e músico profissional há décadas. Figurinha carimbada na cena rock da cidade, ele lançou o seu primeiro álbum autoral, “Money Like Mud”, em 2015 e é influenciado por artistas como Slash, Jimi Hendrix, e Ozzy Osbourne. Ele comentou sobre as expectativas em torno da cena independente no pós pandemia:
 
“Acho que vai ser um gás. A galera vai estar com vontade de tocar e o público com vontade de assistir as bandas voltarem à ativa. Vai ser uma oportunidade nova”, comenta o guitarrista.
 
O rock se tornou popular ao redor do mundo todo e teve seu auge aqui no Brasil em na década de 80 e 90. Com o passar dos anos, a popularidade do gênero diminuiu e hoje o nosso bom e velho Rock and Roll não figura mais entre os estilos mais populares de nosso país.
 
Sobre o momento que o estilo musical vive, Fábio diz:
 
“Fazer rock em qualquer lugar do planeta é muito difícil. Acho que falta todo mundo remar para o mesmo lado. As pessoas estão segregando sem perceber”.
 
O rock tem diversos álbuns marcantes e icônicos cravados na história da música. Fábio teve a cruel missão de escolher os seus cinco discos de rock favoritos. A lista é a seguinte:
 
1 - Appetite for Destruction - Guns N' Roses
2 - Thriller – Michael Jackson
3 - Ao Vivo MTV – Barão Vermelho
4 - Led Zeppelin IV - Led Zeppelin 
5 - The Whippoorwill - Blackberry Smoke
 
Outro grande guitarrista que leva o nome de Araraquara pelo Brasil, é Cleber Shimu, que há mais de 20 anos está em evidência na cena com diversos álbuns lançados e parcerias importantes. 
 
“Araraquara é um celeiro de artistas. Sempre digo isso por onde vou. Nossa região tem músicos sensacionais em todos os estilos. Fazer parte disso é incrível. Não toquei em somente em dois estados e fui abençoado de levar o nome de Araraquara comigo”, diz Shimu.
 
O guitarrista começou a tocar entre o fim dos anos 80 e final dos anos 90, em um momento que o rock era um dos estilos mais populares do Brasil. Hoje Shimu é muito conceituado e é parceiro de diversas marcas importantes, além de acumular projetos musicais em mais de 2 décadas de música. 
 
“Deixar de ser músico para me tornar artista foi um divisor de águas na minha vida. Acho que isso é o que diferencia. É essa coisa do autoral, de lutar pela sua carreira, lançar trabalhos e consequentemente você colhe muitos frutos. Atingi outras áreas da minha carreira que só como músico não seriam possíveis de serem realizadas. Com isso vieram as marcas que me apoiam, que é uma via de mão dupla mesmo. Isso agrega muito valor pra minha carreira. As pessoas enxergam de maneira diferente. A minha carreira como músico profissional me deu respaldo financeiro para investir na minha carreira artística. É muito difícil no Brasil viver como um artista que faz músicas instrumentais. Tudo aconteceu gradualmente e, principalmente, naturalmente”, relata Cleber.
 
Sobre a importância de comemorar e exaltar o Dia Mundial do Rock, Shimu falou de como o estilo deixou de ser somente musical, para se tornar um estilo de vida:
 
“O cara que gosta de rock, tocando ou não, tem um estilo de vida. Ele costuma ser questionador, não aceitar tudo que é imposto e ter uma liberdade muito grande com quem, assim como ele, curte o rock and roll. É como uma grande fraternidade. O rock transformou a música no mundo todo, sem sombra de dúvidas. Hoje o gênero não está mais na mídia e com as plataformas digitais ouvinte que vai atrás da música. Acho que o público roqueiro tem que ser um pouco menos crítico em relação à seus ídolos e o som que ele gosta e ser um pouco mais agregador. O roqueiro é exigente, por isso temos tanta qualidade nesse estilo, mas acho que eles precisam relevar um pouco mais”.
 
Como o próprio Shimu disse, Araraquara conta com músicos de primeira categoria e claro que as grandes bandas do cenário nacional iriam ter representantes araraquarenses. O CPM 22 é uma banda paulista, que teve seu início em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O grupo acumulou hits como “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, “Regina Let’s Go” e “Dias Atrás”. Em agosto do ano passado, o CPM passou por uma reformulação que contou com duas trocas de integrantes. Um dos novos CPM’s é ninguém menos que o araraquarense Ali Zaher Jr. O baixista já havia tocado com a banda substituindo o antigo integrante em algumas apresentações pontuais. Ali é representante da cena rock araraquarense já há muito tempo e acumula apresentações pela cidade e região, além de uma turnê pela Alemanha.

O baixista falou sobre a saudade dos amigos da cidade e contou uma história peculiar desses seus mais de 20 anos de estrada:

“Sinto falta de ver amigos e amigas tocando, de reencontrar as pessoas que movimentam o cenário underground da cidade, que é de onde cresci e aprendi, de poder trocar experiências e histórias, de conhecer e me surpreender com bandas novas. Lembro de uma história de quando tocava na Gagged, de São Carlos. Nós todos éramos muito fãs de Reffer, que é a banda do Phil Fargnoli (ex-Dead Fish, atual guitarrista do CPM 22). Em 2012 o Reffer fez alguns shows de reunião e eu infelizmente não pude ver nenhum. Nunca tinha visto eles ao vivo e nessa oportunidade não pude comparecer. O Murilo Ramos, baterista da Gagged, me ligou no dia do show e disse “Advinha onde eu estou? No Hangar 110 pra ver o Reffer!” e desligou na minha cara! (risos). Eu lembro que fiquei azedo pra caramba. Anos depois eu acabei entrando no Reffer e pude retribuir aquela ligação. Liguei pra ele e disse ‘Advinha que banda eu entrei? (risos)”’, conta o músico.

No dia mundial do rock, Ali falou sobre a importância do Araraquara Rock, festival anual de bandas independentes que ocorre nesta época do ano na Morada do Sol:

“Eu vejo como um dia pra lembrar das raízes, não só o estilo musical, mas também dos ideais e do conteúdo que é passado nas letras. Eu aprendi muito sobre o mundo, política, filosofia, perseverança, respeito e amizade dentro do rock. O dia, no meu ver, traz uma reflexão sobre isso tudo, do porquê muitas vezes mesmo sem apoio algum, continuamos saindo pra estrada para tocar as vezes pra ninguém e mesmo assim ser divertido, ou porquê aquela mesma música dos Beatles, ou do Pink Floyd, ou do Metallica, ou do AC/DC traz uma paz absurda. Essa época do ano geralmente tem no calendário da cidade o Araraquara Rock. O festival, por exemplo, é um evento gratuito que apresentou muita banda boa pra muita gente. As vezes aquela menina ou menino são apresentados a uma banda como Venus Volts, ou o próprio CJ Ramone (baixista da lendária banda americana Ramones) que participou em 2009 do festival, volta pra casa e quer montar uma banda com a galera. E eles podem vir a trazer esse mesmo sentido que eles sentiram quando assistiam uma banda, ou liam uma letra, para a vida de alguém, com a música deles! Tem coisa mais legal que isso?”.

Para fortalecer a cena e expor a qualidade de artistas e bandas de nossa região, Ali enumerou seus cinco grupos prediletos da famosa “016”:

1 - Dead or a Lie
2 - Fake Illusion
3 - Blixten 
4 - Last Dawn
5 - Refuse

*Quem também saiu de Araraquara para levar o nome da cidade pelo Brasil foi Bruno Faglioni, que há dois anos foi escolhido para ser o novo vocalista da consagrada banda, Rosa de Saron.
Criada em Campinas, o conjunto é um dos mais conceituados do rock cristão e acumula discos de ouro, indicações ao Grammy Latino e mais de 250 milhões de visualizações no YouTube.*

Bruno canta desde muito jovem. Aos seis anos começou a se apresentar em missas e festivais católicos e desde então, nunca mais parou.

“Eu canto desde muito pequeno. Meus pais relatam que quando eu tinha por volta de 3 anos eu cheguei a subir numa bancada do Bar das Pedras no Clube Náutico e comecei a cantarolar qualquer coisa (risos). Cantei e venci alguns festivais cristãos de música na infância, tive banda de rock com meu irmão, meu primo e um amigo na adolescência ("ColdFire", éramos uma espécie de cover de Led Zeppelin, Deep Purple e Van Halen) e a partir daí vi que a música era algo promissor dentro de mim. Mesmo assim, só passei a considerá-la como profissão após eu me formar em Engenharia Civil, há uns 8 anos. Comecei a cantar em casamentos nessa época e logo meu nome ficou bem conhecido e requisitado na região, até que veio a oportunidade em reality shows nacionais, o que me deu muita visibilidade no meio católico. Aí, a música já era uma realidade profissional muito palpável, até chegar nos dias atuais, em que vivo cem por cento dela”, relata Bruno.

Como dito anteriormente, o Rosa é uma banda de proporções gigantescas, não só no meio cristão, mas também no rock brasileiro em geral. Como um bom araraquarense, Bruno tem um grande orgulho falar sobre sua origem:

"É um imenso orgulho. É o topo pra qualquer roqueiro como eu que sempre sonhei em viver de música. Levar Araraquara pro Brasil inteiro é um privilégio de poucos, dada à quantidade imensa de músicos incríveis que temos em nossa cidade que não conseguem a visibilidade que merecem. Me dedico diariamente pra entregar o melhor que um vocalista pode dar, não só por minha cidade, mas pelos fãs incríveis que temos e principalmente pelo legado da minha família às gerações futuras. É, também, uma responsabilidade imensa, pois estou sob olhares de gente do Brasil inteiro, aliás, do mundo todo, pois o Rosa tem uma fanbase considerável lá fora. Fico feliz de estar à altura da missão e de seguir ajudando a banda a fazer história e crescer cada vez mais”, comenta Faglioni.


Neste dia 13, Bruno exalta a importância e relevância do gênero e aponta o que pode ser feito para inovar neste segmento que, apesar dos pesares, nunca perde sua fanbase:

“O Rock n Roll é muito mais do que música. Ele é atitude, um estilo de vida e atravessa gerações. Felizmente e infelizmente trata-se de um gênero muito explorado ao longo de muito tempo, inclusive por outros estilos. Isto faz com que tenhamos inúmeras canções lendárias, mas ao mesmo tempo exige uma renovação, sair do lugar comum, inovar. Não é uma tarefa fácil, mas existem muitas bandas na atualidade que fazem isto de forma muito inteligente. Hoje está muito na moda pegar elementos do Hip Hop e da música Eletrônica pra trazer a sonoridade pra uma sensação mais pop, mais palatável para o público geral dos streamings. Acredito que é possível seguir inovando. O rock se caracteriza sim por vocais marcantes com uma estética específica, guitarras distorcidas, riffs hipnotizantes e muita energia rítmica, mas há espaço para novos elementos. É preciso testar, arriscar, se aventurar. O Rosa está fazendo isso e está dando resultado”, afirma Bruno

Sobre a relação dos fãs de rock em geral com o rock cristão, Bruno comenta como o Rosa de Saron foge de jargões religiosos, que muitas vezes fazem com que as pessoas “torçam o nariz” pra banda e no final saem aplaudindo pela qualidade, não só do instrumental, mas também das letras:

“Rock é rock. A relação dos fãs de rock com sons de bandas de rock cristão geralmente é boa. Isso se dá porque o rock cristão costuma usar uma estética secular em suas músicas e molda a poesia de suas letras longe do lugar comum. O Rosa faz isso muito bem. Boa parte do Rock relevante do meio nacional atual deve muito ao rock cristão, pois em meio a tantas bandas incríveis e históricas do Brasil encerrando atividades, bandas como o Rosa, Oficina G3, ID2, New ID, entre outras tantas, seguem mantendo o estilo muito vivo no mainstream”.

Claro que neste dia do rock Bruno não iria deixar de citar algumas bandas que estão “botando pra quebrar” e mantendo a cena do rock ativa. Confira a lista do vocalista:

1 - Rosa de Saron
2 - Normandie
3 - Arrows to Athens
4 - Starset
5 - Ashes Remain
6 - Nine Lashes
7 -  Breaking Benjamin

O rock segue por ai, sendo passado de geração para geração e mais vivo do que nunca em Araraquara, não só graças aos representantes que deram seus relatos por aqui, mas sim por cada comerciante que dá espaço para uma banda nova tocar no seu estabelecimento, por cada artista que sai de casa pra tocar, muitas vezes somente por amor à música e, principalmente, por quem leva o Rock and roll como parte de sua vida.
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