O professor Dagoberto José Fonseca, docente do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras do câmpus de Araraquara da Unesp, vai tomar posse nesta quinta-feira (24) como membro correspondente da Academia Angolana de Letras (AAL). Fonseca é o primeiro professor da Universidade Estadual Paulista a receber tal reconhecimento.
De acordo com o docente, a nomeação para a AAL tem relação direta com suas pesquisas sobre o país africano, iniciadas em 2002. Naquele ano, um dirigente da Universidade Agostinho Neto, a maior universidade pública de Angola, procurou a Unesp em busca de apoio para a reconstrução do país africano, após 27 anos de guerra civil. O Nupe, então coordenado por Fonseca, foi chamado para liderar a cooperação acadêmica.
Última colônia de Portugal no continente a decretar a sua independência, em 1975, Angola viveu em guerra civil do ano de sua independência até 2002, momento a partir do qual passa a buscar ajuda em outros países lusófonos, em especial o Brasil, para formar quadros educacionais nacionais capazes de liderar a reconstrução da sociedade angolana. O convite para a Academia Angolana de Letras se dá em reconhecimento a quem possui uma produção acadêmica relevante voltada aos interesses da cultura e da história do país.
"É o reconhecimento a este trabalho que desenvolvi, desenvolvo e seguirei desenvolvendo até os meus últimos dias. Um trabalho em que a Unesp tem um papel fundamental. É preciso destacar este entendimento do papel e do valor histórico da Universidade neste processo, enquanto instituição formadora de pessoas e de humanistas", diz o docente.
Segundo o docente, o que chamou sua atenção, durantes anos de pesquisa sobre a Angola foi a resiliência do povo angolano e a capacidade de se “renovar diante da adversidade" seja ela, o longo período colonial sob domínio de Portugal, seja pelo tráfico da população negra escravizada e, mais recentemente, à guerra civil de quase três décadas.
"Participar da história e do processo de reconstrução de um país como Angola eu entendo que não seja um papel apenas de uma instituição como a Unesp ou de outra instituição. Entendo que seja obrigação de todo mundo", afirma o docente da Unesp, que já visitou o país africano 13 vezes.