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04/05/2020 às 18h17min - Atualizada em 04/05/2020 às 13h11min

Rocketman: o filme do Elton John

Por Guilherme Jorge da Silva

Existem dois tipos de problemas ao se filmar uma biografia: A fidedignidade com os fatos do biografado e o cuidado por não torná-lo um Deus ex-machina, senhor supremo de sua arte e profissão.

No caso do homem-fogueteiro (o filme do Elton John, para os Brasileiros) temos um problema maior: como retratar a vida e obra de um gênio vivo? Como fazê-lo sendo o produtor executivo do filme e uma das figuras mais importantes da música mundial?

Ao optar por um "musical fantástico", o diretor Dexter Fletcher - o mesmo que assumiu Bohemian Rhapsody depois das denúncias contra Bryan Singer (X-men) - encontra uma solução narrativa para todos esses problemas, sem ser 100% fiel aos fatos e colocando sal em todas as feridas de Elton Hercules John.

O diretor usa e abusa do onírico e do fantástico, compondo uma mescla ideal entre o real e imaginário. É extravagante, abusado, brega e sedutor. Utiliza-se de músicas imortalizadas no imaginário coletivo para contar a história da estrela do Rock. E aqui alcança-se a perfeição: Seja pelas letras de Bernie Taupin ou pelas melodias do Rocketman, o filme de Dexter faz com que "La la land", como diria um crítico do G1, se pareça com um filme iraniano em preto e branco. Nesse tocante, é o melhor musical dos últimos tempos.

E Taron Egerton (Kingsman)? Está reluzente, em uma atuação magnífica. Oscila com perfeição entre o gênio incompreendido e a estrela babaca. Canta Elton (aprende, Malek!) sem tentar imitar ou chegar perto dos anos dourados da "titia britânica". Em nenhum momento é forçado ou caricato, diferente do "Freddie". 

Aliás, o elenco é afinado, com destaque para Jamie Bell (Billy Elliot) como o lendário letrista Bernie Taupin. O amor fraterno entre ele e Elton é algo bonito e tocante de se ver, sobretudo em um determinado momento embalado por "Goodbye Yellow Brick Road". 

No fim, Rocketman é um bem-sucedido retrato da ascensão, queda e ressurgimento de um gigante da música - muito antes de figuras como Miley Cyrus, Lady Gaga, Britney, Eminem, Curt Cobain e tantos outros. Sem medo da censura e da faixa indicativa, expõe o Elton gay, drogado, alcoólatra e compulsivo por sexo, fiel aos anos 1970.

Na abordagem das drogas e do colapso emocional, temos a cena mais bonita do filme: Literalmente, o "Madman Across the Water" (álbum de 1971 e meu preferido do Elton) embalado por "Rocketman" nos lembra por que o cinema é algo maravilhoso.

Existem irregularidades e clichês inevitáveis, mas no fim "Rocketman" é a biografia mais bem feita de um músico desde muito tempo (talvez dos últimos vinte anos). E Ainda somos brindados com o dueto entre Taron e John, nos créditos, com uma música inédita: "I am Gonna Love me again", ganhadora do Óscar desse ano. Coisa fina, de Sir!

Rocketman está disponível na rede Telecine e na Claro Now.


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