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07/12/2021 às 11h00min - Atualizada em 07/12/2021 às 11h00min

Pai busca reabertura de investigação de acidente que matou o filho, de 25 anos

Acidente ocorreu em maio. Jovem bateu em caminhão estacionado na rua

Direto da Redação
Foto: Divulgação

O arquivamento do caso de um acidente ocorrido em Araraquara no dia 20 de maio deste ano, que resultou na morte do jovem Caio Rodrigues da Silva, de 25 anos, ainda traz indignação para a família do rapaz.

 

Segundo o relato policial, Caio estava a caminho do trabalho com sua motocicleta, quando bateu na traseira de um caminhão que estava parado irregularmente a 1,77 metros de distância da calçada.

 

O caminhão estava estacionado na Avenida Ermano Biancardi, no bairro Cecap. O veículo parou fora da faixa de estacionamento, para o motorista de uma empresa de sucata e ferro velho de Franca, descarregar parte da carga. O caminhão estava praticamente no meio da via, o que pode ter ocasionado o acidente. Após abertura da investigação, a Procuradoria Pública arquivou o caso.

 

O Ministério Público afirmou, em nota, que durante a investigação, não foram encontradas câmeras que pudessem ter captado o acidente, “tampouco foram identificadas testemunhas presenciais dos fatos que pudessem ajudar nas investigações”.


“Nesse contexto, embora tenha sido constatado que o investigado estacionou o veículo de forma irregular, na falta de outras provas (testemunhas e câmeras de segurança) assim como pelo teor dos laudos periciais constantes nos autos, não foi possível concluir, com certeza, que tal circunstância foi determinante para o acidente que vitimou Caio. Diante desse cenário, foi promovido o arquivamento do inquérito policial, o que foi acatado pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Araraquara”, diz a nota.

 

A família de Caio busca a reabertura das investigações e afirma que o trabalho da perícia foi incompleto, o que resultou no arquivamento do processo.

 

O pai de Caio, Fábio Rogério Rodrigues da Silva, de 47 anos, relata que uma emissora de rádio acompanhou o acidente com imagens do local que poderiam ajudar nas investigações.

 

Eu ainda achei a câmera, que tem ele passando pela via. Com essa filmagem a gente consegue calcular a velocidade dele e entender que a visão dele, ele imaginou o caminhão andando. Eu peguei as imagens no terceiro dia do acidente, que poderia ajudar muito”.

 

O laudo a perícia está totalmente incompleto e extremamente mal feito”, disse.

 

Fábio também ressalta que era totalmente possível encontrar testemunhas no local do acidente. “Na falta de uma, eu achei duas no local, uma delas foi quem socorreu meu filho. Além disto, tinham bombeiros que estavam indo trabalhar e que presenciaram o acidente. Tinha o motorista do SAMU que atendeu meu filho. Não tinha como falar que não havia testemunhas, eu consegui falar com duas”, lembrou.

 

Era só ir ao posto de combustível e perguntar, foi assim que eu encontrei as testemunhas”, relata o pai de Caio.

 

Em seu depoimento, o motorista do caminhão alegou que havia estacionado longe da calçada por conta de algumas árvores e fiação que dificultaram a parada do caminhão de forma correta. O pai de Caio discorda.

 

Só tinha um galho podre que não impediria o caminhão de parar. Ele parou o veículo quase no meio da via, calçou, não sinalizou ele foi descarregar a primeira parte do caminhão e deixou a segunda abandonada. Foi por conta dessa perícia que a promotoria arquivou o caso. O promotor arquivou porque não tinha nada, não tinham dados. Não fizeram nada”.

 

Eu achei um absurdo, o motorista não vai responder por homicídio culposo, o certo seria homicídio doloso”, desabafa.

 

O rapaz simplesmente abandonou o caminhão lá. Deixou o caminhão lá e você que se vire. Eu sou grande e se você quiser você desvia. Com o caminhão naquela faixa, o Caio imaginou que estava andando. Era um dia claro e ele imaginou que o veículo estava andando. Quando ele se tocou, ele caiu. Se tivesse um cone a uma distância de três metros ele veria e daria tempo de parar, mas não tinha nenhuma sinalização, completa o pai de Caio”.

 

Fábio ainda ressalta que registrou a velocidade que o filho dirigia no dia do acidente. “O velocímetro terminou em 35km/h, 40 km/h. Só que o perito não colocou isso no laudo. Não achou importante, mas tivesse 120 km/h ele tinha colocado. São coisas que indignam a gente. Uma tremenda má vontade, só porque filho de pobre indo trabalhar não tem direito a nada”.

 

A empresa não me procurou, ninguém se preocupou para saber se eu tinha dinheiro para enterrar meu filho. Eu entrei em contato com o motorista, depois de 6 meses, para solicitar uma ajuda com o enterro do Caio, mas eu obtive a resposta da empresa para que eu encaminhasse o número do processo para o departamento jurídico, para ver se existe a possibilidade legal de ajuda”, completa Fábio.

 

Apesar de o caso ter sido arquivado, em nota o Ministério Público afirmou que o arquivamento ocorreu com as ressalvas do artigo 18 do Código de Processo Penal, “o que significa que, caso surjam novas provas, poderá haver reabertura das investigações”.

 

Dessa forma, é plenamente possível que a família apresente elementos aptos a ensejar conclusão diversa, o que será detidamente analisado pelo Ministério Público”, finaliza a nota.

 

Fábio reforça que a família busca apoio na tentativa de reabrir o caso. “Eu peço ajuda para tentar reabertura desse inquérito. É um absurdo esse inquérito ter sido arquivado. Ele tem que ser reaberto, não só civilmente, mas criminalmente. Houve uma morte, não houve apenas um dano financeiro. Houve uma morte de um rapaz que estava indo trabalhar”


O Portal Araraquara Agora procurou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, por meio de e-mail questionando o relatório da perícia no dia do acidente, porém até o fechamento desta reportagem, não recebeu respostas dos questionamentos.


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