Com o aumento no número de casos da varíola de macaco pelo mundo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou um pedido de reforço da população diante de medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras de proteção, distanciamento físico e higienização frequente das mãos. O surgimento da doença, porém, também levanta questões de segurança e prevenção em relação às outras doenças antes erradicadas ou controladas no país.
A infectologista e clínica geral Ana Rachel Seni Rodrigues comenta que a desinformação e falta de conhecimento sobre calendários vacinais para adolescentes, gestantes, adultos, idosos e imunodeprimidos também preocupam.
“Outro problema é a noção que as pessoas geralmente têm de que ao controlar uma epidemia por meio da imunização não é mais preciso se proteger. Para manter as doenças afastadas é preciso que todos os meios de proteção ocorram de forma contínua”.
Segundo dados do DataSUS, o Brasil não atingiu nenhuma das metas de cobertura das vacinas infantis disponíveis pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) em 2020 e 2021, mantendo um índice de imunização abaixo de 75% (o ideal são taxas sempre acima de 90%). “Um fator preocupante, pois também abre espaço para que doenças já erradicadas retornem ao país” , alerta a especialista.
Embora no caso da varíola de macaco diversas investigações epidemiológicas estejam em andamento para tentar explicar o motivo do surgimento dos surtos atuais, outras doenças como o sarampo – que havia sido erradicado, mas voltou a registrar casos no Brasil – podem voltar a apresentar desafios à população.
“Na prática, quando uma pessoa não vacinada entrar em contato com alguém que carregue a doença, tem a possibilidade de iniciar um novo ciclo endêmico.”
Diante desse cenário, Ana Raquel ressalta a importância de campanhas de prevenção e vacinação, especialmente entre os mais jovens, que geralmente não conhecem ou entendem o impacto que certas doenças podem causar na saúde e na população em geral.
“Lembrando que a vacinação é apenas uma parte da prevenção. O ideal é também manter os cuidados diários, uma alimentação saudável, atividades físicas regulares e visitas periódicas ao médico, para que ao aparecimento de quaisquer sinais de doença, o problema seja identificado e tratado o mais rápido possível”, orienta a infectologista.