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26/05/2020 às 19h32min - Atualizada em 26/05/2020 às 18h31min

Pandemia causa impacto na rotina de estudantes antes dos vestibulares

Por Rian Fernandes

Desde o início da pandemia causada pela Covid-19 as preocupações se voltaram, em especial, para o sistema de saúde e setores econômicos. No entanto, outra área também afetada pelos impactos da doença na sociedade é a educacional. Isso ocorre não somente por medidas adotadas, como o ensino a distância, mas também por conta dos vestibulares, que dão acesso em universidades públicas e anualmente preocupam e, ao mesmo tempo, oferecem esperança para estudantes de todo o país. 

A rotina dos vestibulandos

“Tive que mudar meus métodos de estudo e o nervosismo aumentou muito. O vestibular em si já abala meu psicológico mas o fato de estarmos enfrentando a Covid-19 e as faculdades estaduais não terem mudado as datas dos vestibulares triplica meu nervosismo”, ressaltou a estudante Beatriz Leite Rodrigues da Silva. 

Beatriz faz parte de um cursinho popular promovido pela Unesp de Araraquara, o CUCA, que tem, como um dos intuitos, preparar alunos para o período de vestibular. Porém, com o avanço da pandemia, ela agora estuda por meio de uma plataforma na internet, com exercícios. “Imagino que assim como eu, alunos que concluíram ensino médio em escolas públicas ou que não tem acesso a internet terão maior dificuldade que o habitual”, comentou sobre a expectativa para os vestibulares. 

As dificuldades mencionadas por Beatriz, atingiram também outra estudante, Kemily Cássia Costa. A jovem, que pretendia prestar odontologia, disse que o psicológico pessoal foi afetado em relação aos vestibulares, pois a empolgação com as provas se afastou e o desânimo tomou conta. “Não consigo estudar em casa sem ajuda de alguém que entenda da matéria. (...) Consigo ir até uma parte, depois não consigo fazer. Por exemplo exercícios, não sei se eu fiz certo ou errado. Me complico”, salientou. 

Kemily também esclareceu que antes da pandemia tinha certeza que iria fazer vestibulares, porém, com os impactos nos estudos, já não mais se dará continuidade aos planos. “Acho que não estou preparada pra fazer”, destacou. 

O relato de professores de cursinhos 

Para o professor do CUCA, Igor Lopes Jadão, que também estuda na Unesp de Araraquara, comentou que imagina alunos com mais dificuldades nos vestibulares deste ano por conta da situação ocasionada pela pandemia. “As medidas de isolamento social vigoraram antes do ano letivo do cursinho começar, por isso não tivemos nenhum contato direto com os alunos. (...) Sem dúvida é um momento de incerteza para todos, mais ainda para quem está em situação de vulnerabilidade social como grande parte dos nossos vestibulandos”, declarou. 

Além disso, Igor destacou que os impactos da pandemia são mais severos para estudantes mais fragilizados diante do fator socioeconômico. “Não podemos dizer que todos possuem a mesma condição de competir nos vestibulares. O estudante homem-cis, branco, rico, morador do Itaim bibi, formado nos melhores colégios de São Paulo e que nunca precisou trabalhar possui uma base muito melhor do que uma mulher, negra, mãe solo, trans, formada na rede pública, moradora de cidade pequena e que precisa trabalhar desde cedo para se sustentar. São realidades muito diferentes, não podemos colocar todos estudantes no mesmo patamar”, apontou ele. 

Para Gustavo Fiacadori Silva, mestrando em Estudos Literários (PPGEL/UNESP) e também professor, estudantes também sofreram impactos por conta da pandemia. “Por um lado, todos se preocuparam porque vestibular ainda hoje é um mistério em que tudo pode acontecer, os alunos buscam em um ano a melhor formação para a prova e, de repente, algo não planejado acontece, pega de surpresa e tudo muda de perspectiva. Por outro lado, muitos se desanimaram porque vestibular acabou se tornando a oportunidade única de um futuro profissional, para muitos, um sonho”, explicou. 

Para ele, as provas de 2020 poderiam ser mais transparentes e compreensivos. “Espero um vestibular mais humano que não seja igual aos anteriores, levando em consideração o que os alunos e o mundo estão passando no dia a dia, e que, portanto, seja idealizado e composto por questões e textos mais abrangentes, delicados, sem as famosas pegadinhas, buscando valorizar o trabalho do aluno e não apenas conteúdos, datas, fórmulas, linguagens”, opinou Gustavo. 


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