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16/06/2020 às 16h10min - Atualizada em 16/06/2020 às 16h10min

Caso hacker de Araraquara: Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Glen Greenwald e Manuela d’Ávila vão prestar depoimento

Por Willian Oliveira

O portal Araraquara Agora conseguiu com exclusividade documentos do mais recente despacho da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília que trata do caso do hacker de Araraquara, que teria invadido celulares de autoridades como o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, entre outros.

Há suspeita de que até o celular do presidente Jair Bolsonaro tenha sido “bisbilhotado” por Walter Delgatti Neto, o Vermelho, apontado como o principal responsável pelos ataques, descobertos em meados de 2019. Ele e mais cinco são acusados de participação no esquema.

O Juiz substituto da 10ª Vara Federal, Ricardo Augusto Soares Leite analisou a defesa dos réus e rejeitou a tese defendida por eles de que, por falta de provas ou até mesmo irregularidade durante o processo, os réus deveriam ser absolvidos sumariamente. “Há indícios suficientes de autoria e prova da materialidade, necessários para a instauração da ação penal. Ademais, as defesas não lograram demonstrar que seria o caso de rejeição”, escreveu ele em seu despacho.

Testemunhas vão depor

Ficaram marcadas para os dias 7,8 e 9 de julho, às 14h30, as audiências de instrução e julgamento. Como o Ministério Público Federal não arrolou testemunhas ao propor a denúncia, o juiz vai fazer a oitiva de testemunhas de defesa. Os interrogatórios estão marcados para os dias 16 e 21 de julho, a partir de 14h.

Todo procedimento será feito por videoconferência. As partes interessadas receberão links para que possam acompanhar ou participar efetivamente, ainda que de casa.

São 11 testemunhas no total. Na lista apresentada pelos advogados de defesa constam os nomes do ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, do procurador da República, Deltan Dallagnol, do delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, da deputada federal Manuela D’Ávila (PC do B) e do jornalista Glenn Greenwald, do portal The Intercept Brasil.

Essas quatro testemunhas, consideradas chaves no processo, foram arroladas pelo advogado Ariovaldo Moreira, que defende Walter Delgatti e o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira.

Vaza Jato

Glenn Greenwald divulgou uma série de reportagens relatando conversas privadas atribuídas a Sérgio Moro, e outras autoridades, vazadas pelo hacker de Araraquara. As mensagens revelariam, segundo o periódico virtual, um esquema de interferência nas investigações da PF, nas ações do Ministério Público Federal e até mesmo colocariam em xeque as decisões do então juiz a frente da Operação Lava Jato. O escândalo ficou conhecido como Vaza Jato.

Glen chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal, mas a Justiça rejeitou os apontamentos de que ele teria orientado o hacker de Araraquara a continuar invadindo celulares para obter mais provas. Apesar de não figurar como réu ele foi arrolado como testemunha e deverá prestar depoimento.

Foi a deputada Federal Manuela D’Ávila foi quem colocou Glenn em contato com o hacker Walter Delgatti. Ele teria procurado a parlamentar para fazer denúncias sobre suas descobertas e ela intermediou a conversa entre Delgatti e Greenwald.

A denúncia

Os réus respondem por crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptação telefônica ilegal. No entendimento da procuradoria alguns deles também se juntaram para praticar crimes cibernéticos e fraudes bancárias, além da lavagem de dinheiro.

Walter Delgatti Netto é apontado como o líder do esquema. Ele é de Araraquara, mas foi preso em um apartamento em Ribeirão Preto, em julho de 2019, durante a operação Spoofing.

O casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira, também de Araraquara, foi detido no mesmo dia que Vermelho em um apartamento em São Paulo.

O estudante Luiz Henrique Molição, foi preso em setembro. Ele era colega de turma de Walter Delgatti. Molição aceitou um acordo de delação premiada. Seu depoimento, segundo a denúncia, ajudou a comprovar a participação de outro possível integrante do esquema: Thiago Eliezer. Com isso Luíz Molição poderá ter sua pena reduzida ao final do processo. Ele também foi excluído do crime de organização criminosa uma vez que não ficou comprovado até o momento que ele agia nos esquemas de fraudes bancárias e furtos mediante fraudes, atribuídos aos outros acusados.

O último acusado pelo MPF na Operação Spoofing é Danilo Cristiano Marques. Ele seria uma espécie de testa de ferro de Vermelho. Dos seis, cinco aguardam o julgamento em liberdade

Walter Delgatti Neto seguirá preso

Ao analisar a defesa e as provas colhidas durante o inquérito, o juiz Ricardo Augusto Leite decidiu neste mesmo despacho, manter a prisão preventiva de Walter Delgatti Neto. Segundo o magistrado, a ação se faz necessária para impedir que Vermelho volte a praticar crimes. “O denunciado exercia papel de liderança na organização criminosa voltada à prisão de dispositivos de informática de autoridades públicas, violando o seu sigilo telefônico, além de fraudes bancárias e lavagem de dinheiro, delitos praticados pela internet, a evidenciar sua periculosidade concreta”, diz trecho da decisão.

Danilo Marques segue monitorado

Danilo Marques seguirá solto, mas com monitoramento. Ele usa tornozeleira eletrônica para evitar que volte a praticar crimes, segundo decisão do Juiz Ricardo Augusto Soares Leite.


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