04/10/2024 às 13h10min - Atualizada em 04/10/2024 às 13h10min

Laudo do IC aponta que casa noturna ocultou imagens de câmeras de segurança em Araraquara

O laudo pericial tem 56 páginas e o advogado de defesa do Almanaque Bar & Club disse que só vai se manifestar no processo

Flavio Fernandes
Foto: Flavio Fernandes/Araraquara Agora
Um laudo de 56 páginas feito pelo IC (Instituto de Criminalística) concluiu que a casa noturna Almanque Bar & Club onde ocorreu a morte do empresário Fabio Luiz Alves Gaspar, conhecido como Fabinho Cross de 39 anos, ocultou provas durante as investigações em Araraquara. O caso aconteceu no dia 1 de setembro no Centro da cidade

O material tem 35 fotos que mostram as agressões sofridas pela vítima e de acordo com os peritos foi constatado que houve uma remoção ou o simples desligamento, de um dos discos rígidos responsáveis pelo armazenamento das imagens. O HD também foi formatado por 4 vezes. 

A perícia conseguiu recuperar 40 minutos de gravação e quase 7 horas do dia seguinte, no momento em que o HD ainda estava operando. 
 

“Foi constatado que as câmeras que se mostravam inicialmente inoperantes nos arquivos encontrados, estavam funcionando normalmente antes da remoção do HD e do processo de formatação do HD, indicando que foram deliberadamente desconectadas do equipamento”.


Nos vídeos analisados pelos peritos mostram três pessoas dentro de um escritório e um homem aparece manuseando o HD que aparenta ter sido removido do DVR (Gravador de Vídeos). Nas imagens ainda é possível ver uma mulher enrolando rapidamente o cabo removido e o colocando em uma sacola. 

Logo em seguida outra mulher aparece nas imagens, desta vez limpando a mesa do DVR, a porta e outros objetos e as investigações apontam que ela tentava remover impressões digitais do local. 

Duas pessoas em uma moto também são vistas nas imagens entrando no estabelecimento e indo ao escritório e na sequência, um homem leva outro HD coloca na mesa e pega ferramentas de uma caixa. Na sequência o suspeito se aproxima, onde os equipamentos estavam instalados desliga e religa novamente a gravação.

No dia seguinte do crime já na segunda-feira, representantes da casa noturna entregaram mais de seis horas de gravações, para os investigadores da DIG (Delegacia de Investigações Gerais). Nenhuma delas mostrava Fábio sendo agredido por seguranças. 

Já na terça-feira (terceiro dia depois da morte) policiais civis cumpriram um mandado de busca e apreensão no estabelecimento e encontraram somente arquivos. Os agentes voltaram no almanaque dia 11 com uma nova ordem emitida pela Justiça e uma denúncia anônima os levou até um telhado, onde estava escondido um HD, com todas as imagens. 

A mãe de Fábio Marisa Gaspar lamenta a morte do filho e diz seguir confiante aguardando por Justiça.
 

Não consigo entender até agora isso, meu filho entra vivo dentro de uma boate para se divertir e sai morto. Todas as fotos dele, ele sempre está com os braços abertos e sempre me falava eu nasci foi pra brilhar mãe. Eu espero que a Justiça seja feita mataram o meu filho lá dentro”, lamentou.


A advogada Josimara Veiga Ruiz que representa Fabinho Cross foi procurada pelo Portal Araraquara Agora e comentou sobre o assunto. 
 

“A chegada destes laudos ao inquérito só demonstra o que temos afirmado desde o início: a casa noturna ocultou provas e dificultou a investigação do ocorrido. Outras provas importantes ainda chegarão e a verdade é uma só: Fábio foi agredido violentamente, em local fora da vista do público, nas dependências da casa noturna. Os envolvidos responderão por seus atos, nos termos da lei” disse. 





O advogado que representa a casa noturna, não quis se manifestar e disse que somente vai falar em juízo. 

A MORTE DE FÁBIO

O empresário foi morto na madrugada do dia 1º de setembro após uma parada cardiorespiratória e o caso foi registrado em boletim de ocorrência no Plantão Policial, como morte suspeita. No dia seguinte a DIG assumiu as investigações e instaurou um inquérito para um eventual homicídio. 

Cross recebeu os primeiros atendimentos de um bombeiro civil até a chegada da USA (Unidade de Suporte Avançado) do Samu. Ele foi reanimado por 40 minutos e morreu a caminho da Santa Casa da cidade, ele não resistiu aos ferimentos e morreu. 

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que a morte foi em decorrência de fatores que ainda não puderam ser apurados e precisa ser investigado. Este laudo necroscópico não foi conclusivo. 

Amigos e familiares dele chegarem a protestar em frente a casa noturna, acendendo velas, pichando o muro, cantaram músicas e gritaram por Justiça

O delegado Fernando Teixeira Bravo da DIG responsável pelas investigações, segue aguardando o resultado dos exames tóxicológico e anatomopatológico, para saber se há presença de drogas no organismo de Fábio ou alguma doença pré-existente, antes de dar prosseguimento a natureza do crime. 



RELEMBRE O CRIME

A Polícia Militar foi acionada pelo gerente do Almanaque e no relatório policial ele disse que o empresário estava alterado e mexendo com várias pessoas. Isso gerou reclamações dos clientes e que dois seguranças precisaram intervir. 

Ainda segundo o responsável pelo estabelecimento, Fábio não teria gostado da advertência e quebrou uma garrafa de whisky no chão e nesse momento foi imobilizado pelos seguranças que tentaram coloca - lo para fora e em seguida a vítima começou a passar mal. 

De acordo com os investigadores as agressões não aconteceram dentro de uma sala isolada conforme relatam testemunhas e sim em um corredor que dá acesso a saída da casa noturna. O local seria usado por seguranças para colocar clientes para fora, quando acontecem brigas ou desentendimentos.

As outras imagens que estavam em um HD encontrado em cima do telhado e ainda está em análise no IC (Instituto de Criminalística). Além dos 4 seguranças arrolados no boletim de ocorrência também foram ouvidos pela Polícia Civil o proprietário do Almanaque, clientes e familiares da vítima. 
 




 
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